No anseio de nos engajarmos na tarefa de auxílio ao próximo, detemos o passo, por vezes, ao verificarmos não dispor de facilidades materiais, de recursos que possamos endereçar a quem padece de fome, frio ou abandono.
Apesar de não podermos negar que recursos materiais, bem direcionados, podem minorar o sofrimento dos menos favorecidos, eles não significam a totalidade do bem que se pode fazer ao outro.
Bem-aventuradas as mãos que se mostram generosas, saciando a fome aqui, agasalhando logo além, oferecendo um abrigo das intempéries.
Benditas as riquezas investidas na saúde, na educação, na instrução, no apoio ao desamparado de qualquer sorte.
No entanto, bem disse Jesus que nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus.
Isso nos remete ao quanto de bênçãos podemos, mesmo os menos aquinhoados, oferecer ao mundo.
Assim, enxugar lágrimas, levar uma palavra de consolo a um irmão, um sorriso aos que perderam a esperança, visitar um amigo doente, esclarecer um coração aflito são ações que podemos executar.
Basta-nos a vontade de agir e um olhar atento, para descobrirmos as mil necessidades em cada canto.
Podemos oferecer a compaixão ao funcionário que está chegando atrasado ao trabalho, pois o filho está doente. Podemos nos deter, ao seu lado, por um tempo, indagando o que ocorre, como podemos auxiliar.
Podemos observar o amigo que sofre calado, por situações adversas que o consomem, e lhe estender as mãos da solidariedade.
Quem sabe a nossa auxiliar nos serviços do lar, que se ergue quase madrugada para chegar a tempo de nos preparar o café da manhã, possa merecer uma dilatação em seu horário de chegada.
Nosso vizinho, acamado, nos pede a visita de alguns minutos, a oferta de algo que possa saborear, amenizando-lhe tantos incômodos que a enfermidade lhe impõe.
Talvez possamos oferecer um copo d’água fresca ao que realiza a limpeza da rua, sob o sol ardente.
E nos lembremos de brindar com nossa presença a pais e avós, envelhecidos nos anos, e que nem mais lembram quem somos.
Visitá-los, tentar reativar, pacientemente, as suas memórias de um ontem tão pródigo de trabalhos e de favores.
E para os que nos perseguem, os que apreciam criar-nos dificuldades, vale a lembrança de uma prece, que os possa alcançar com o desejo de se tornarem pessoas mais agradáveis.
Tanto bem a fazer. Tantas chances que se oferecem todos os dias.
Basta termos olhos de ver. Ouvidos de ouvir. Vontade de realizar.
Uma só lágrima, que console e esclareça um coração atormentado, vale mais do que algo que impressione os sentidos ou encha mãos suplicantes de moedas.
Se desejarmos auxiliar, ponhamo-nos em marcha.
Não nos desculpemos por não possuirmos isso ou aquilo. Ofertemos o que somos e o que temos.
Recordemos que não triunfaremos no mundo somente pelo que fizermos, mas também pelo que deixarmos de fazer, no falso entendimento de que devemos possuir ou aguardar nos cheguem grandezas materiais.
A hora de auxiliar é agora. O mundo nos pede ação.
Redação do Momento Espírita, com transcrições do Evangelho
de Mateus, cap. 4, versículo 4 e do cap. 16, do livro Boa Nova,
pelo Espírito Humberto de Campos, psicografia de Francisco
Cândido avier, ed. FEB.
Em 15.3.2024