REINALDO SILVA
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Os números mostram a gravidade do cenário no Noroeste do Paraná: dos 28 municípios que compõem a 14ª Regional de Saúde, 22 enfrentam epidemia de dengue. De 1º de agosto de 2023 a 1º de abril de 2024, são 8.876 casos positivos e seis óbitos por complicações da doença.
Considerando os dados das últimas semanas de março, o maior volume de confirmações se concentra em Alto Paraná, Inajá, Loanda, Mirador, Paraíso do Norte, Paranavaí, Planaltina do Paraná, Querência do Norte, Santa Isabel do Ivaí, São Carlos do Ivaí, São João do Caiuá e Terra Rica.
O médico veterinário da Divisão de Vigilância em Saúde, Walter Sordi Junior, destaca que constância dos diagnósticos positivos semana após semana configura um dos critérios para definir a situação epidêmica.
No caso de Paranavaí, para citar um exemplo, as confirmações seguiram assim: 300 na semana 9; 275 na semana 10; 201 na semana 11; e 130 na semana 12. Da mesma forma, houve redução na maioria dos municípios.
Reduzir, no entanto, não significa resolver.
Sordi Junior diz que o quadro ainda é preocupante, especialmente onde ocorreu aplicação de inseticida com equipamentos de ultra baixo volume (UBV), os chamados carros fumacês. Os resultados deveriam ser mais expressivos, avalia o médico veterinário da Regional de Saúde.
A eficácia da pulverização do produto está diretamente ligada às ações de limpeza. O veneno mata somente o mosquito adulto, mas não tem efeito sobre ovos e larvas – para eliminá-los é preciso acabar com os criadouros, ou seja, objetos que retêm água e dão condições para que o Aedes aegypti prolifere.
Para conseguir o carro fumacê, o município precisa cumprir uma série de exigências, como estar em epidemia e promover mutirões de limpeza nos bairros com maiores índices de infestação do mosquito. Inajá, Paraíso do Norte, Paranavaí, Planaltina do Paraná e Tamboara adotaram essa estratégia.
Outro ponto negativo destacado por Sordi Junior é a falta de medidas administrativas práticas que obriguem os moradores a manter os cuidados devidos. O médico veterinário da Regional de Saúde é taxativo: é preciso multar quem não cumpre as determinações.
As medidas são simples e se resumem a não deixar água parada em qualquer tipo de objeto ou recipiente: garrafas, latas, vasos de plantas, pneus, cisternas e caixas d’água. O descarte irregular de lixo em vias públicas, terrenos vazios e fundos de vale também contribui para o avanço da dengue.
Lista dos municípios em situação epidêmica
Levantamento da 14ª Regional de Saúde aponta os seguintes municípios do Noroeste em quadro de epidemia de dengue: Alto Paraná, Amaporã, Diamante do Norte, Guairaçá, Inajá, Jardim Olinda, Loanda, Marilena, Mirador, Nova Aliança do Ivaí, Paraíso do Norte, Paranapoema, Paranavaí, Planaltina do Paraná, Porto Rico, Querência do Norte, Santa Isabel do Ivaí, São Carlos do Ivaí, São João do Caiuá, São Pedro do Paraná, Tamboara e Terra Rica.