Monique Manganaro / Da Redação
Antes mesmo da chegada oficial do inverno, meteorologistas já previam que a estação teria períodos de frio intenso mais curtos em 2024. Essa condição, que pode agradar a muitos que esperam pelo retorno do calor, causa impactos não apenas no meio ambiente, mas provoca desafios, inclusive, para a economia local. Para alguns empresários de Paranavaí, com menos dias de frio durante o ano, é preciso criar novas estratégias para conseguir atrair o público e manter as vendas no período.
De acordo com Juliana Mendes Bueno, de 33 anos, empresária do setor de vestuário, foi perceptível que a demora das baixas temperaturas impactou nas vendas da loja. Um dos poucos respiros dos comerciantes aconteceu nesta semana, com a chegada de uma nova onda de frio. “Esta semana nós tivemos uma melhora nas vendas, e estamos entrando em liquidação, então os números estão melhores. Em relação ao ano passado, junho foi praticamente igual, e este mês nós estamos com um crescimento”, afirma.
Segundo a empresária, o inverno não é considerado um dos períodos mais rentáveis para os lojistas, fato que se confirmou neste ano. No entanto, a redução de dias realmente frios e a consequente diminuição das vendas influenciaram até mesmo na decisão em liquidar os estoques de peças mais quentes antes do habitual. A manobra foi feita como uma tentativa de driblar a baixa procura frente às semanas mais quentes e atrair consumidores. “Geralmente, nossas liquidações ocorrem no fim de julho, início de agosto. Mas devido à mudança climática, com um inverno não tão rigoroso, a gente acabou antecipando a liquidação e estamos liquidando desde o começo deste mês”, explica.
Mesmo enfrentando desafios para conseguir manter as lojas cheias, os comerciantes do setor conseguem suprir os caixas porque as peças de inverno costumam gerar mais lucro aos revendedores, por terem preços mais altos. É o que diz a empresária Célia Aparecida Dias de Almeida, de 49 anos. “A estação é mais ‘curta’, é mais complicada. Mas o bom do inverno é que as peças são mais caras, então um valor que você vende no dia supre um dia [de vendas] no verão, porque as peças de verão são mais baratas”, explica.
NÚMEROS
Levantamento realizado recentemente pela Associação Comercial e Empresarial de Paranavaí (Aciap), a partir das consultas ao Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) feitas pelos lojistas, indicou que as movimentações do comércio se mantiveram estáveis em relação ao ano passado, sem crescimento significativo. “A gente teve [um resultado] praticamente idêntico ao ano passado. Geralmente a gente tem um pequeno aumento todos os anos. O fato de estar equiparado significa que este ano realmente não deve estar tão bom quanto nos anos anteriores”, revela a consultora comercial da Aciap Margareth Pereira Jandre.
Outro segmento afetado pela falta de frio no inverno é o de cafeterias. Em dias gelados, é comum que as pessoas busquem locais que ofereçam bebidas e comidas quentes. No entanto, para João Paulo, de 43 anos, proprietário de uma chocolateria e cafeteria na cidade, esta estação se trata de uma época mais desafiadora para o comércio em geral. “Os períodos sazonais, como Páscoa e Natal, são os melhores períodos para venda na minha área. Mas [o inverno] é um período em que a gente consegue manter uma boa clientela e um bom volume de vendas”, considera.
Como mais uma estratégia para tentar reverter a condição, a Aciap recomenda que os empresários apostem em capacitação de funcionários, principalmente para aprimorar o atendimento, e aproveitem de ferramentas tecnológicas, como as redes sociais, para divulgar produtos e atrair consumidores.