O tabagismo é uma doença crônica que se origina da dependência à nicotina. O vício ainda é visto como um hábito cotidiano por muitos, mas não deve ser menosprezado. Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabaco leva ao óbito 8 milhões de pessoas por ano, sendo mais de 7 milhões motivadas pelo seu uso frequente.
E não é só os usuários que sofrem. Estima-se também a morte de 1,2 milhão de pessoas não fumantes ao ano por conta da exposição ao fumo passivo.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) afirma que 25% das mortes por câncer no mundo são causadas pelo fumo. “A nicotina é altamente viciante e, quando associada ao aumento do estresse e ansiedade, potencializa o risco de doenças graves, como o câncer”, explica Dra. Beatriz Cavalheiro, oncologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.
O pneumologista da Rede de Hospitais São Camilo SP Dr. Celso Padovesi, por sua vez, destaca que, além do câncer, os fumantes estão expostos a diversas patologias, como doenças cardiovasculares, osteoporose, catarata, úlceras do aparelho digestivo, impotência sexual, infertilidade, complicações na gravidez e problemas graves que afetam o sistema respiratório.
Trazendo o panorama para o Brasil, o Inca informa que 443 brasileiros morrem todos os dias por causa do tabagismo, o que mantém a prática como um problema de saúde pública no país.
Como parar de fumar e quais as mudanças que o corpo enfrenta?
Embora difícil, parar de fumar é possível. E, segundo os médicos do São Camilo, são inúmeras as vantagens adquiridas ao longo do processo, que podem atuar como importantes motivadores para largar o vício. Os especialistas descrevem o que muda no corpo quando a pessoa fica longe do cigarro por:
1 dia: os brônquios começam a limpar todos os resíduos deixados pelo fumo nas vias respiratórias, permitindo que os pulmões comecem a funcionar melhor.
3 meses: a função pulmonar melhora em até 30% e também há benefícios à circulação sanguínea.
1 ano: reduz pela metade o risco de desenvolver doenças cardíacas.
5 anos: o risco de AVC ou de morte por infarto cai consideravelmente.
10 anos: diminuem os riscos de câncer de boca, garganta, esôfago, pâncreas, rins e bexiga.
15 anos: o risco de câncer de pulmão torna-se o mesmo das pessoas não fumantes.
O pneumologista explica também que o coração do ex-fumante pode ter melhora significativa com o avanço dos anos longe do cigarro. “Uma pessoa que deixou de fumar há 15 anos tem os mesmos riscos de sofrer um infarto do que aquelas que nunca fumaram.”
Dicas dos especialistas – Além de frisar os importantes benefícios conquistados a cada dia sem fumar, os médicos recomendam algumas medidas simples que podem ajudar o fumante a reduzir a quantidade de cigarros no dia a dia ou, até mesmo, parar completamente. Confira:
- Torne o momento de fumar menos confortável
Dr. Celso afirma que parte do vício é alimentado pela associação criada no momento do fumo. Por isso, a recomendação é escolher uma postura e local diferentes, evitando estar relaxado e confortável.
- Faça pequenas mudanças na rotina
Segundo a Dra. Beatriz, novos hábitos podem construir uma relação mais saudável com o corpo, reduzindo a procura pelo vício do cigarro. “O fumante tem costumes rotineiros e tende a fumar sempre nos mesmos momentos do dia, nos mesmos lugares e da mesma forma”, destaca. Assim, a dica da médica é inserir novas atividades na rotina, com ações que mudem o ritmo usual e ocupem a mente.
- Vá aos poucos
Embora a decisão de parar de fumar precise ser definitiva, os fumantes que tiveram aumento no número de cigarros podem enfrentar picos de ansiedade e estresse durante a tentativa. A sugestão dos especialistas é criar um cronograma de redução de cigarros/dia, sempre seguindo as dicas anteriores para auxiliar no processo.
- Atrase o primeiro cigarro
Essa dica está relacionada à anterior e pode ser importante para reduzir a quantidade de cigarros. A ideia é adiar o primeiro cigarro do dia em uma hora, progressivamente ao longo dos dias. “É importante que a pessoa estabeleça um prazo nesta etapa para que, ao final do período, consiga parar por completo”, explica a oncologista.
- Procure apoio multiprofissional
Além do acompanhamento médico, que é crucial principalmente para pessoas que fumam há muitos anos e encontram mais dificuldade no processo de parar, acionar outros recursos neste momento também é importante.
“O suporte psicológico e social, através de grupos de apoio, por exemplo, tem efeitos muito positivos na luta contra o vício e atua, sobretudo, com atenção à saúde mental do paciente, fundamental para parar de fumar”, ressalta o pneumologista.