André Ricardo Franco
O conceito de maestria, como habilmente tratado por Robert Greene em seu aclamado livro, é muito mais do que simplesmente “ser bom” em algo. Maestria é a aspiração à excelência, é elevar uma habilidade específica a um nível tão glamoroso que você não apenas a domina, mas a faz com uma graça e eficácia inigualáveis.
Indubitável que somos guiados por uma força interior: nossa vocação ou paixão. Todos, em algum nível, temos uma inclinação natural para algo, seja um ofício, um gosto, uma arte ou uma disciplina específica. Nem todos conseguem decifrar sua afinidade, mas, aqueles que reconhecem essa vocação e a seguem com ardor, estão no caminho para alcançar a verdadeira maestria.
No entanto, como qualquer jornada rotineira, há etapas a serem seguidas. Antes de nos tornarmos mestres, somos aprendizes. Nesta condição, nosso foco não deve estar no resultado, mas no processo. Cada passo, cada movimento, cada erro são oportunidades valiosas de aprendizado. Afinal, são os erros, e não necessariamente os acertos, que mais nos ensinam e direcionam e corrigem o nosso curso.
A prática deliberada, realizada com uma mentalidade ativa, é a chave. Desafiar-se constantemente, saindo da zona de conforto e buscando incessantemente o aprimoramento, com mentalidade positiva e dedicação, são as pedras angulares da maestria. Não se esqueça, ainda, de, durante essa busca, manter uma mentalidade aberta para novos aprendizados. O mundo está em constante mudança, e a verdadeira maestria reside na capacidade de adaptar-se, inovar e ver conexões que a maioria não vê.
Com o tempo e a dedicação, uma transformação ocorre. O mestre começa a perceber padrões, conexões e nuances que são invisíveis para a maioria. Esta é a chamada intuição criativa, automática, sexto sentido, percepção. Este, aliás, é o verdadeiro dom da maestria: a capacidade de ver além do óbvio, de ser visionário, de conectar áreas aparentemente desconexas e de inovar de maneiras que desafiam o status quo.
Deste modo, maestria não é apenas um título ou um status, mas uma jornada contínua de crescimento e autodescoberta. Requer paixão, dedicação, e acima de tudo, a crença inabalável de que, através da prática e da resiliência, podemos transcender nossos limites e alcançar alturas inimagináveis. E na busca da maestria, aprendemos não apenas sobre nosso ofício, mas também sobre nós mesmos.
*André Ricardo Franco, professor adjunto da Unipar, desde 1998 (século passado). Advogado e sócio proprietário da Franco Advocacia, em Paranavaí. Mestre em Direito, filho, marido, pai, ciclista e corredor de rua. Amante da leitura e de bons hábitos