A produção de cana-de-açúcar na safra 2022/23 está estimada em 610,1 milhões de toneladas, crescimento de 5,4% em relação à temporada passada. O resultado reflete uma recuperação das produtividades nos principais estados produtores, influenciado pelo clima mais favorável nesse ciclo, e compensou a menor área colhida em relação à temporada 2021/22. Os dados estão no 4º Levantamento sobre a cultura divulgado, nesta quinta-feira (20), pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
“Apesar desta safra ter sido marcada por baixos índices pluviométricos, aliados às baixas temperaturas registradas na Região Centro-Sul, a produtividade nacional está estimada em 73.609 kg/ha, 6,1% superior à obtida na temporada 2021/22, quando o clima foi ainda mais adverso para o setor”, explica o superintendente de Informações da Agropecuária da Conab, Aroldo de Oliveira Neto.
Na região Sudeste, maior produtora de cana no país, o volume colhido no ciclo 2022/23 aumentou 5,8% em relação à safra anterior, saindo de 366,33 milhões de toneladas para 387,76 milhões de toneladas. A área se manteve praticamente estável, com 5,1 milhões de hectares. Situação semelhante foi registrada na região Centro-Oeste, onde a produtividade aumentou 5,7%, devido à melhora nas condições climáticas. A área, por sua vez, apresentou redução de 2,1%, estimada em 1,77 milhões de hectares. Com isso, a colheita chega a 131,54 milhões de toneladas.
No Nordeste do país, além da melhora do desempenho das lavouras, foi verificado um incremento na área plantada, resultando em uma produção de aproximadamente 56 milhões de toneladas, aumento de 12,5% em comparação à safra 2021/22. Na região Sul, a área destinada para a cultura tem apresentado redução para outros produtos como soja, milho, mandioca e pastagens. A área colhida, nessa safra, foi a terceira menor da série histórica da Conab, estimada em 475,4 mil hectares, 9,1% abaixo da safra anterior, o que resulta em uma produção de 30,95 milhões de toneladas. Queda na produção, também, na região Norte influenciada pela redução de produtividade, que foi recorde na safra passada.
Produtos – Com a maior disponibilidade de matéria-prima, tanto a produção de açúcar como a de etanol foram elevadas. Para o adoçante, a Conab verificou um acréscimo de 6% na fabricação quando comparada com a safra anterior, estimada em 37 milhões de toneladas.
No caso do biocombustível, a produção teve aumento de 2,1% em relação à safra passada com forte incremento no etanol à base de milho e na produção do produto à base de cana-de-açúcar na região Nordeste. A produção total do país foi estimada em 30,5 bilhões de litros, sendo 12,97 bilhões de litros de etanol anidro e 17,53 bilhões de litros de etanol hidratado.
“Com o aumento da colheita da cana, a produção de etanol apresentou um ligeiro aumento de 0,5% em relação à temporada anterior. Entre os subprodutos, o etanol anidro produzido a partir da cana-de-açúcar, aumentou 12,5%, alcançando 11,49 bilhões de litros. Em contrapartida, o combustível hidratado reduziu a produção em 7,1%, totalizando 15,04 bilhões de litros produzidos”, destaca o superintendente de Informações da Agropecuária, Aroldo de Oliveira Neto.
Para o biocombustível à base de milho, a expectativa da maior produção se confirmou, chegando a 3,97 bilhões de litros. A produção de etanol anidro foi estimada em 1,48 bilhões de litros, enquanto o etanol hidratado alcançou 2,49 bilhões de litros.
Mercado – No consolidado da safra 2022/23, o Brasil exportou cerca de 29,4 milhões de toneladas de açúcar, o que corresponde a um aumento de 13% na comparação com o ciclo anterior, como apontam dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O bom resultado é influenciado pela menor participação da Índia no mercado internacional, uma vez que as condições climáticas desfavoráveis prejudicaram a safra do país asiático.
Alta também nos embarques do etanol. Na safra 2022/23, as vendas ao mercado externo chegaram a 2,84 bilhões de litros, acréscimo de 58% na comparação com o ciclo passado. Além de encontrar um mercado mais favorável no exterior no que diz respeito a preços, outros fatores como a valorização do dólar, a redução na oferta internacional de petróleo e as questões envolvendo a demanda a nível mundial por combustíveis, principalmente na Europa, estão entre os motivos que levaram a este crescimento da exportação do biocombustível. Por outro lado, as importações do produto foram 43,5% menores na temporada 2022/23, chegando a 215 milhões de litros.