O Governo do Paraná participa da VI Conferência Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional, que começou nesta terça-feira (7), em Foz do Iguaçu, e tem como tema “Comida de Verdade, Democracia e Equidade: Erradicar a Fome e Garantir Direitos”. O evento, apoiado pelo Estado, por meio do Sistema Estadual de Agricultura (Seagri), segue até esta quinta (9) e discute temas como saúde, combate à fome e estímulo à agricultura agroecológica e orgânica para elaborar propostas à conferência nacional.
A Conferência destaca o sucesso das iniciativas desenvolvidas no âmbito estadual, e conta com a participação de aproximadamente 500 representantes de todas as regiões do Estado, entre agricultores familiares, gestores públicos municipais e estaduais, representantes do governo federal, do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). A programação envolve temas como saúde, combate à fome e estímulo à agricultura agroecológica e orgânica.
O Paraná é o estado com mais municípios integrados ao Sistema de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan), com 222 adesões, além de outras 30 que estão em análise. Com isso, essas cidades têm acesso facilitado a recursos e políticas públicas nacionais. A segurança alimentar está entre os principais focos de trabalho do governo estadual, com inúmeras ações voltadas à parcela de paranaenses mais vulnerável e à população em geral, além de garantia de renda aos pequenos produtores rurais.
Na abertura, o secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, afirmou que o Paraná tem uma participação relevante na construção de políticas consistentes nessa área. “Nosso grau de investimento em segurança alimentar no Estado é crescente. Estamos evoluindo na pequena cooperação, no associativismo, na construção de ambientes mais sadios, na produção de orgânicos. É um processo lento que construímos para ter uma produção mais qualificada e natural”, disse.
“A Conferência tem o desafio de construir um consenso entre as demandas urgentes e prioritárias da segurança alimentar, e levar contribuições relevantes para Brasília. É importante que cada um faça sua parte, municípios, estados, União, sociedade civil”, enfatizou o secretário.
As propostas debatidas e aprovadas serão levadas para a Conferência Nacional em dezembro, em Brasília. Neste ano, pela primeira vez, os 399 municípios paranaenses realizaram conferências municipais e, na sequência, foram promovidas 22 conferências regionais.
Alimento seguro – A participação do estado na garantia de uma alimentação segura foi destacada pelo diretor-presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Otamir Cesar Martins. Como exemplo, ele citou as ações para difundir o Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agroindustrial Familiar, Artesanal e de Pequeno Porte (Susaf-PR). “Isso simplificou o processo para as pequenas agroindústrias comercializarem seus produtos para todo o Estado”, disse.
Martins citou, ainda, iniciativas que estimulam a produção de alimentos saudáveis, como o projeto de certificação de propriedades de morango na Região Metropolitana de Curitiba que seguem boas práticas. “É uma forma de demonstrar aos consumidores toda a segurança do processo produtivo”.
Trabalho – Na avaliação da presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional, Roseli Pittner, a erradicação da fome depende da união entre o campo e a cidade. “Nós temos que trabalhar em prol das pessoas que estão precisando, para quem produz comida de verdade, que é o nosso agricultor familiar”, disse.
Nesse sentido, as ações conjuntas pela segurança alimentar também envolvem a atenção à juventude rural, comunidades indígenas e quilombolas. “É preciso conversar mais com as comunidades que estão vulneráveis”, disse o agricultor Ademir Vilialba, que representou a comunidade indígena de Itaipulândia.
“A Conferência serve para que essas diferentes vozes e culturas possam discutir soluções. É através da nossa força, articulação e convivência que a gente transforma o país”, disse a presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Elisabetta Recine.
Ações do governo – um dos destaques das ações do Governo do Paraná é o programa Compra Direta Paraná, criado em 2020, que beneficia quase mil entidades filantrópicas nos 399 municípios paranaenses. O Estado investiu R$ 85,1 milhões entre 2020 e 2022, atendendo 163 cooperativas e associações envolvidas no processo de produção e distribuição de alimentos. Em 2022, 309 mil pessoas da rede socioassistencial foram atendidas com alimentos diversificados da agricultura familiar, inclusive orgânicos, contribuindo diretamente para imunidade e saúde dos beneficiados.
Há também convênios com prefeituras referentes a Equipamentos de Segurança Alimentar e Nutricional, entre eles hortas urbanas e periurbanas, restaurantes populares, cozinhas e panificadoras comunitárias, centrais de abastecimento, bancos de alimentos e feiras livres. Em 2022 foram formalizados 75 convênios.
Outro exemplo é o Programa Leite das Crianças, que ajuda a combater a desnutrição infantil por meio da distribuição gratuita e diária de um litro de leite enriquecido com vitaminas e ferro a crianças de seis meses a três anos de idade, além de fomentar a cadeia produtiva do leite. Entre 2019 e 2022 o programa beneficiou, em média, 107,7 mil crianças, o que representou investimento de R$ 481,9 milhões. Os índices mostram a efetividade: 92% das crianças atendidas encontram-se com peso adequado para a idade.
O Paraná é o estado com maior número de produtores orgânicos certificados, com aproximadamente 4 mil, segundo dados do Ministério da Agricultura e Pecuária. O governo estadual tem como desafio oferecer, até 2030, alimentação escolar 100% orgânica.