*Marcela Brito
Se você me perguntasse qual foi a escolha mais importante que fiz na minha vida, eu poderia responder que foi a primeira escolha consciente. A primeira vez que você escolhe seguir um caminho é sempre a decisão mais difícil.
No meu caso isso aconteceu em 2004. Escolhi viver longe dos meus pais, em outra região do Brasil, imergir em outra cultura, com outras pessoas. Cada vez que eu vivia uma experiência nova, eu sentia um imenso paradoxo: a alegria de viver algo diferente e a culpa por me sentir traindo o que havia vivido antes. Tolice? Talvez.
Ao tocar neste assunto, eu penso que deveriam nos ensinar na escola o poder que as escolhas têm. Elas podem mudar totalmente o seu futuro, te tornar uma pessoa melhor, inspiradora ou, ainda, alguém capaz de influenciar uma legião de profissionais.
Contudo, as escolhas também podem paralisar sua caminhada, te aproximar de pessoas que não vão agregar absolutamente nada de bom à sua vida e, até mesmo, te levar para o fundo do poço. E tudo isso começa apenas com uma simples escolha.
Quando se toma uma decisão sem ponderar as reais consequências, você opta por uma pílula que vai levá-lo a um universo totalmente paralelo, como se você fosse conduzido a uma outra vida. E ao ser levado para este outro lugar, sua vida muda completamente.
Há pessoas que sofrem constantemente por não obterem os resultados necessários para sua real mudança de vida, todavia elas atribuem muitas vezes essa responsabilidade a terceiros. Isso significa que ela entregou o controle sobre a própria vida a outra pessoa.
Se a vida fosse um filme, quem você gostaria de ser: o ator ou o diretor? Pensando nisso, destaquei 3 desafios que eu compreendo que estejam por trás das escolhas que fazemos e que podem tanto nos impulsionar quanto nos paralisar:
Para cada escolha, uma renúncia – Toda vez que você precisa tomar uma decisão, a primeira coisa sobre a qual você deve ter conhecimento é que não é possível seguir daquele ponto com tudo o que você tem. Quando se escolhe seguir por um caminho, tarefas ficam para trás, lugares ficam para trás, comportamentos ficam para trás e até pessoas ficam para trás. Talvez este seja o maior desafio, especialmente para nós, brasileiros. Não queremos ter que decidir, temos uma inclinação a querer equilibrar tudo, entretanto, não é possível.
Autorresponsabilidade – Ao fazer uma escolha, você precisa assumir a responsabilidade por ela. Isso faz parte da vida adulta e, quando o controle se volta para você, fica mais leve assumir os erros e celebrar os acertos por algo que você escolheu. É sobre ser adulto, maduro e aceitar que temos a capacidade de liderarmos quem desejamos ser e o que queremos fazer. No filme “O diabo veste Prada”, de 2006, por exemplo, uma das cenas finais quando as personagens Miranda (Meryl Streep) e Andy (Anne Hathaway) estão conversando no carro em Paris e Miranda diz que reconhece em Andy um pouco dela. Andy se assusta e diz que jamais faria algo em benefício próprio, então Miranda diz que ela já fez, uma vez que aceitou ir para Paris no lugar da colega Emily.
Aprender a dizer não – Finalmente, o último grande desafio que eu gostaria de listar aqui é exatamente o aprendizado que vem com as escolhas. Para pessoas com dificuldades em dizer não, fazer escolhas exige que você decida quando, como e para quem você dirá sim ou não. Eu tinha dificuldade em dizer não e sempre acaba me enrolando. Tentava ajudar as pessoas e no final eu que ficava com menos horas de sono, perdia fins de semana e feriados para dar conta das minhas próprias coisas. O que eu aprendi com isso? Todo sim para alguém que é um não para você, deveria ser um NÃO para o outro. Soa egoísta? Claro que não! Por exemplo, nas orientações antes do voo, o comissário pede que você coloque primeiro em você a máscara de oxigênio em caso de emergência. Se você não se ajudar primeiro, não terá como ajudar mais ninguém.
Espero que este texto ajude você a encontrar sentido para construir sua própria jornada de vida e trabalho, além de ajudá-lo a se sentir confiante para fazer suas próximas escolhas!
Marcela Brito é Mentora de Carreiras e Marcas Pessoais Globais. É co-founder e sócia da Iventys Educação Corporativa. Líder das Formações em Mentoria da Global Mentoring Group na América Latina. Mestre em Educação Profissional e Tecnológica pelo Instituto Federal de Brasília, Especialista em Gestão de Negócios pela Uninter e Estrategista em Personal Branding pela Personal Branding Academy. Desde 2009 edita o blog www.marcelabrito.com, é gestora de conteúdo do Projeto Moyoeno Lusofonando e autora de livros sobre carreira e interculturalidade. Em 2020 foi eleita Mentora do Ano pela Global Mentoring Group e lançou o Podcast Trilhas. É casada há 9 anos com Victor Brito e mãe de Elisa, de 8 anos.