Preocupado com a falta de leitos clínicos e de UTI, que tem provocado internações de pacientes por um período acima do recomendado na UPA e no Pronto Socorro da Santa Casa e com a longa fila de espera das cirurgias eletivas, algumas aguardando há mais de um ano e meio, um grupo representativo do Conselho Municipal de Saúde (CMS) de Paranavaí, esteve na Unidade Morumbi para uma conversa com os diretores geral-administrativo e técnico da Santa Casa, Héracles Alencar Arrais e Jorge Pelisson, respectivamente, para avaliar no que pode contribuir para a abertura da nova unidade. “Viemos aqui buscar informações para interceder junto às autoridades pela abertura da Unidade Morumbi”, disse o vice-presidente do CMS, Arnaut Luiz Victor.
Ele fez a visita junto com a ouvidora Vaneide Nogueira Lima, a tesoureira Sônia Silvestre Botini e a suplente Leila Vanda Aguiar. Segundo o grupo, há pacientes que têm ficado internado 10 a 15 dias na UPA. E no Pronto Socorro da Santa Casa há sempre cerca de 15 pessoas aguardando leitos hospitalares. O problema, dizem, não é novo, mas vem se agravando, aumentando as reclamações no CMS.
Eles ponderaram que a população não entende que a Unidade Morumbi ainda não começou a funcionar por falta de uma definição sobre o custeio do hospital. Como vê as obras prontas e sabe que os equipamentos foram adquiridos, quer o hospital aberto. Por isso, o CMS quer contribuir para agilizar a abertura. “Não queremos ser o pai da criança, mas dar nossa contribuição para agilizar o processo”, disse Victor.
Cirurgias eletivas – Os conselheiros apontaram que também têm recebido reclamações por conta da demora das cirurgias eletivas. E o fato de Unidade Morumbi, quando em funcionamento, priorizar estas cirurgias faz aumentar a ansiedade da população em relação a abertura da unidade hospitalar.
Eles ponderam que apesar de algumas previsões de que a fila de espera por uma cirurgia eletiva deverá demorar cerca de dois anos para se normalizar, na verdade os números atuais podem estar subdimensionados em relação a real demanda. Dizem que muita gente deixou de procurar os postos de saúde até com medo de se contaminar com o coronavírus. Lembram que, no caso de Paranavaí, o atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ficou prejudicado porque profissionais foram transferidos para a UBS Central, que ficou exclusivo para atendimento aos casos de Covid e para o hospital de campanha que funcionou na Unidade Morumbi.
Depois da visita, o Conselho deve se reunir com todos os seus membros para que o grupo faça um relato da situação e a partir daí buscar mobilizar os gestores e conselhos municipais dos 28 municípios da Amunpar (Associação dos Municípios do Noroeste Paranaense), deputados e outras autoridades estaduais para buscar uma solução. “Somos a voz da população e queremos ajudar a encontrar alternativas para a abertura da Unidade Morumbi”, reforça Victor.
Os conselheiros manifestaram confiança de que, apesar das dificuldades, até o fim do ano a Unidade comece a funcionar. “Nós vamos cobrar, discutir, buscar alternativas para isso”, garantiu o vice-presidente do CMS. Acrescenta que está havendo um abrandamento da pandemia, que a situação começa a voltar ao normal “e normal é hospital aberto também”.
O grupo fez questão de esclarecer que tem consciência das dificuldades e que embora sua função primordial seja fiscalizar e cobrar, neste momento a prioridade é ajudar. Segundo eles, não adianta ficar só apontando erros, encaminhar denúncias ao Ministério Público e não contribuir para a solução do problema.
Lamentaram que embora pronto e com os equipamentos adquiridos o hospital ainda não esteja funcionando. “Isto gera ansiedade na população, que tem necessidade desta unidade estar funcionando. E isto aqui está parado e gerando despesas, de segurança, manutenção, luz etc”, sublinhou Leila Aguiar.
Pior sua vez, Sonia Botini asseverou que a saúde é uma área complexa e quanto mais se faz, mas há necessidade. “Sempre haverá demandas”, diz ela, que, no entanto, acredita que o sistema pode melhorar. É o caso por exemplo, dos leitos de UTI. “Sempre houve defasagem, mas com a Unidade Morumbi vamos dobrar o número de leitos de UTI beneficiando a cidade e toda a região, atendendo os casos de urgência e emergência, mas também permitindo a retomada das cirurgias eletivas”, acrescentou ela.
Outro benefício apontado pelos conselheiros é que a Unidade Morumbi deve reduzir a transferência de pacientes de Paranavaí e região para outras cidades. Eles citam que esta situação é extremamente desconfortável para o paciente e seus familiares e que no caso de os pacientes da região virem para Paranavaí já é algo mais simples.
Força importante – Por fim os representantes do CMS de Paranavaí concordaram que não há como o hospital funcionar apenas com o faturamento do SUS. “Não dá nem para chamar de remuneração, pois a tabela está defasada há 20 ou 25 anos”, disse Arnaut Victor, enfatizando que há a necessidade de municípios e o Governo do Estado participarem do financiamento do hospital.
Revelou que o Conselho chegou a participar de uma reunião, ainda antes da pandemia, com prefeitos, Secretaria de Estado da Saúde e 14ª Regional de Saúde e que houve encaminhamento que o custeio seria rateado entre Estado e municípios.
Acontece que, dizem os conselheiros, de lá para cá os preços de remédios, insumos e outros produtos aumentaram muito e há a necessidade de repactuar os valores. Sobre a possibilidade de os prefeitos não aceitaram uma nova pactuação, o vice-presidente foi enfático: “não existe a possibilidade de dizer ‘não’. É a saúde da população que está em jogo”.
O diretor da Santa Casa, Héracles Arrais ficou satisfeito com a visita e a reunião que teve com os membros do CMS. “O Conselho está disposto a ajudar. E é uma força importante na busca de solução e no convencimento de quem tem condições de contribuir para a abertura da Unidade Morumbi. Estamos atentos e 60 dias após a assinatura do contrato começamos a funcionar”, garantiu ele.