“85% das crianças vítimas de abuso sexual sofrem violências dentro do núcleo familiar”, afirmou Cláudia Picoli
A coordenadora do Conselho Tutelar de Paranavaí, Cláudia da Silva Picoli, ocupou a tribuna da Câmara Municipal durante a 16ª reunião ordinária para uma explanação contundente sobre o Maio Laranja, mês de enfrentamento às violências contra crianças e adolescentes.
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A data, 18 de maio, marca o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, instituído pela Lei Federal n.º 9.970/2000, e relembra o brutal assassinato da menina Araceli Cabrera, em 1973. Ao recontar a história da criança, Cláudia destacou como o crime, envolto em impunidade, se tornou símbolo da luta nacional contra os abusos sexuais infantis.
Com mais de uma década de atuação na proteção da infância, Cláudia trouxe à tona dados alarmantes que escancararam a urgência de ações contínuas por parte da sociedade e do poder público. “No Brasil, a cada hora, quatro meninas são estupradas”, revelou. Entre os anos de 2013 e 2023, 232 meninas tornaram-se mães antes dos 14 anos, o que, segundo ela, “não é gravidez infantil, é consequência de abuso sexual.”
Durante sua fala, a coordenadora do Conselho Tutelar destacou uma triste realidade: 85% das crianças vítimas de abuso sexual sofrem violências dentro do núcleo familiar. “Isso torna o combate ainda mais complexo, pois os agressores são, muitas vezes, pessoas em quem a criança confia”, disse. Segundo ela, a dificuldade em denunciar e o medo imposto às vítimas reforçam o ciclo de silêncio que perpetua a violência.
Ela ainda reforçou que o Maio Laranja não deve se limitar ao dia 18. “A violência contra crianças e adolescentes ocorre todos os dias, e em muitos casos sequer é notificada. Precisamos de ações permanentes e integradas entre famílias, escolas, igrejas, governos e toda a sociedade”, afirmou. E defendeu a necessidade de campanhas contínuas, passeatas, caminhadas educativas e ações nas escolas, bem como a importância de educar as crianças sobre seus direitos e sobre o que constitui abuso sexual, sabendo identificar comportamentos inadequados e principalmente, com canais de escuta e acolhimento. “Em cada roda de conversa que fazemos nas escolas, sempre surgem relatos. Isso mostra que essas crianças precisam apenas de um espaço seguro para falar”, destacou.
Na oportunidade, os vereadores reforçaram o compromisso com a causa e a importância de manter o tema em pauta.
Abuso e exploração sexual infantil são crimes. Disque 100. Sua denúncia pode salvar vidas.