A Construção Civil no Paraná espera um público cada vez mais exigente quando o assunto é sustentabilidade neste ano de 2023. Por isso, o setor aposta nos empreendimentos que garantam boas práticas ambientais desde o canteiro de obras até a entrega das unidades. Uma pesquisa que exemplifica essa exigência dos consumidores foi feita pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em novembro de 2022. O levantamento “Retratos da Sociedade: hábitos sustentáveis e consumo consciente” mostrou que 74% dos entrevistados adotam hábitos sustentáveis em suas rotinas. Além disso, metade dos consumidores ouvidos verifica se um produto foi produzido de forma ambientalmente sustentável antes de adquirir. Ainda que seja uma pesquisa ampla sobre mercado consumidor, também mostra uma tendência na construção civil.
Segundo o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, a preservação do meio ambiente é um desafio para toda a sociedade. “A adoção de práticas sustentáveis tem sido, felizmente, cada vez mais adotada tanto por empresas quanto pela população. A indústria brasileira tem buscado caminhos para produção e hábitos mais sustentáveis. É um caminho sem volta”, afirma.
Exigências dos compradores – O engenheiro civil Maurício Wildner da Cunha, da Construtora Andrade Ribeiro, de Curitiba, afirma que os clientes devem aumentar suas exigências por empreendimentos que garantam a preservação ambiental. “Compradores e locatários serão cada vez mais criteriosos para serem atendidos nesses requisitos pelas construtoras e incorporadoras, uma vez que a questão do meio ambiente tem sido foco constante da mídia, e assunto recorrente em debates políticos, nacionais e internacionais”, diz.
Nos canteiros de obras, segundo o engenheiro, entre os quesitos básicos adotados pelo setor estão a captação e utilização das águas das chuvas para uso dos condomínios; manutenção dos bosques e áreas de preservação permanente nos centros urbanos; e acompanhamento e racionalização do consumo de energia elétrica e água potável.
Neste sentido, empresas de construção civil no Paraná têm se preocupado em conquistar certificações ou selos verdes. Isso significa que o empreendimento tem preocupações como: economia de recursos naturais; de energia elétrica e água; utilização de materiais reciclados e/ou recicláveis durante a obra; uso de madeiras de reflorestamento; e localização do empreendimento, para minimizar impactos ocasionados ao meio ambiente pelos trajetos dos usuários. “Isso costuma ser suficiente para que um empreendimento seja certificado e receba a classificação de edifício sustentável por organismos certificadores”, afirma Cunha.
Na hora de decidir qual imóvel comprar ou alugar, os clientes podem exigir das empresas responsáveis os documentos que comprovem a certificação, no caso daqueles que receberam algum selo verde, além de outros documentos que atestem que a construção segue legislações ambientais. “Quando o empreendimento estiver em obras, o consumidor pode pedir o Alvará Construtivo. Caso já esteja finalizado, exija o Certificado de Vistoria de Conclusão de Obra (CVCO), ou, em uma nomenclatura mais popular, o Habite-se do empreendimento”, acrescenta.
Empreendimento verde no Paraná – Na capital do estado, um exemplo de edifício com certificação ambiental é o AR-3000, da Construtora Andrade Ribeiro, localizado no bairro Cabral. Ele conquistou a certificação LEED Platinum, da GBC, a mais alta concedida pelo organismo internacional para empreendimentos verdes. O selo significa que o edifício tem capacidade de consumir 40% menos água, 30% menos energia, emitir 35% menos CO² e gerar 65% menos resíduos na comparação com outros que não possuem a mesma avaliação.
Uma das principais características que levou o edifício a receber a certificação foi a fachada envidraçada com proteção solar, que possibilita a menor entrada de radiação ultravioleta, além de bloquear a incidência de calor e colaborar com a economia de energia. Os vidros que compõem a estrutura foram utilizados na versão insulada, que são lâminas duplas intercaladas por uma cavidade preenchida com gás argônio.
A ventilação natural também foi priorizada no empreendimento. A fachada do edifício apresenta aberturas do tipo Maxim-Ar, que proporcionam melhoria na circulação de ar, além de favorecer a luminosidade do espaço. No edifício ainda é possível destacar o hall de entrada, que possui pé-direito triplo, característica que garante um ambiente com melhor qualidade do ar.
A arquiteta e urbanista Mariana Radigonda, que trabalha há três anos no edifício, diz que é importante oferecer aos seus funcionários e clientes um escritório em um empreendimento sustentável. “Acredito que trabalhar em um local que é todo projetado com essa preocupação ambiental nos incentiva a fazermos escolhas mais racionais também em nossas casas”, avalia. A profissional destaca a fachada envidraçada como uma característica importante. “Isso nos proporciona trabalhar com luz natural, que, além de econômico, é muito mais agradável”, diz.
A analista de marketing Mariana Pinhata, que também trabalha no edifício, se identifica com o espaço. “Para mim, que sou engajada nessas questões, trabalhar em um local que acompanha a mesma linha de raciocínio que a minha é muito importante”, opina. Ela destaca questões como a circulação de ar e os terraços abertos como características que melhoram sua rotina. “Eu e as pessoas que convivem comigo no trabalho costumamos estar nos espaços abertos com frequência. É um local que usamos para nos distrair um pouco das demandas pesadas do dia a dia”, ressalta.