MÔNICA BERGAMO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Um grupo de empresários, advogados e profissionais autônomos está organizando um jantar em torno do ex-presidente Lula (PT) com ingressos que variam de R$ 1.000,00 a R$ 20 mil.
O assunto está sendo mantido sob sigilo, mas algumas pessoas já receberam convites e se dispuseram a apoiar o evento, que deve reunir em torno de cem pessoas.
No encontro, Lula pretende debater as ideias para um eventual futuro governo, caso ele vença as eleições de outubro.
O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, candidato a vice na chapa de Lula, deve comparecer.
A data ainda não está fechada, mas o mais provável é que o jantar ocorra no fim do mês.
O total arrecadado será doado ao PT, já que a campanha eleitoral ainda não começou oficialmente. E todas as despesas de pré-campanha estão pagas pelo partido.
O tesoureiro do PT, Márcio Macêdo, vai contabilizar os recursos que serão doados pelo grupo.
Como mostrou a coluna, Lula e setores do PT avaliam que chegou o momento de o ex-presidente abrir a agenda, de forma mais ampla, para dialogar com o empresariado.
Os encontros dele com representantes do PIB, até agora, tinham sido restritos a praticamente reuniões com velhos conhecidos, como Abilio Diniz e José Seripieri Junior, da Qsaúde.
A permanência de Lula em ampla vantagem sobre Jair Bolsonaro (PL) nas pesquisas fez crescer a fila de empresários, banqueiros e entidades representativas que aguardam para conversar com ele.
Até agora, o petista tinha dado preferência para agendas com políticos e movimentos sociais. Com as conversas sobre alianças avançadas nos estados, ele agora poderia abrir espaço também para o empresariado.
O próprio partido já vinha enviando emissários para conversar com representantes do PIB. A presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, e os ex-ministros Aloizio Mercadante e Alexandre Padilha, hoje deputado federal, já tiveram encontros para dialogar sobre o que Lula poderá fazer na economia, caso seja eleito.
Segundo um dos interlocutores de Lula que mantém pontes com empresários, banqueiros e economistas ligados a eles, a impressão é de que o grupo ainda é majoritariamente bolsonarista. O entusiasmo público com Jair Bolsonaro, no entanto, tem diminuído por causa das investidas consideradas golpistas do presidente que, atrás nas pesquisas, segue colocando em dúvida o já testado sistema eleitoral brasileiro.
A possibilidade de Bolsonaro conturbar o país ao colocar em dúvida o resultado das eleições assustaria parte do empresariado, já que a turbulência que poderá ser gerada pelas falas e iniciativas dele diante de uma derrota afetaria diretamente seus negócios -inclusive derrubando os papéis do país e das empresas no exterior.
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