YAGO RUDÁ
DA UOL/FOLHAPRESS
Sylvinho mal começou a temporada de 2022 e já lida com duas velhas conhecidas do ano passado: a pressão externa e a cobrança por resultados. Mesmo com vitória no último domingo (30), fora de casa, diante do Santo André, o comandante voltou a ser criticado pela postura do Corinthians em campo e teve seu nome vinculado a manifestações nas redes sociais.
A diretoria, no entanto, não cede à opinião dos descontentes e dá todo o respaldo ao treinador para continuar seu trabalho no CT Joaquim Grava. Nesta quarta-feira (2), ele ainda terá seu trabalho submetido a um teste de fogo, no clássico com o Santos, a partir das 21h35, pela terceira rodada do Campeonato Paulista.
O grupo que pressiona o presidente Duilio Monteiro Alves a tirar Sylvinho do comando é diverso, composto por nomes que vão de membros das principais organizadas do clube a figuras influentes na política interna. O entendimento deles é de que o técnico entrega muito pouco com o elenco que tem em mãos e não consegue implementar variações táticas na equipe, o que deixa o coletivo previsível e dependente das jogadas individuais.
Apesar das críticas e do incômodo que elas geram, o treinador não corre o risco de perder o cargo no curto prazo. O elenco está apenas em seu 23º dia de trabalhos desde o início da pré-temporada e, até agora, teve apenas dois jogos pelo Paulista para mostrar serviço.
Além disso, atletas importantes do elenco corintiano, como são os casos de Willian, Renato Augusto e Paulinho, sequer estão em sua melhor forma física e, portanto, aparecem impossibilitados de disputar os 90 minutos das partidas.
A diretoria pensa no longo prazo e quer um time forte para a Copa Libertadores e a Copa do Brasil. Por isso, entende que o grupo precisa de mais jogos e mais treinos para conseguir o entrosamento e aplicar as ideias da comissão técnica. Ao contrário do que se pensava antes do início da temporada, o clube não tratará o Paulista como um laboratório de testes, mas também não quer se apressar nas cobranças.
Os relatos ouvidos pela reportagem são de que Sylvinho vive para o trabalho no Corinthians. Longe da família, que se manteve na Europa, o treinador passa de 12 a 15 horas diárias no CT Joaquim Grava preparando treinamentos, buscando melhorias ao time e estudando os adversários. Pesa a favor do comandante a boa relação com atletas, funcionários, membros da diretoria, e o bom ambiente interno.
Além disso, os resultados do ano passado levaram o Corinthians de volta à fase de grupos da Copa Libertadores após três temporadas de ausência. Neste início de Paulista, embora a diretoria reconheça os problemas coletivos, a equipe empatou com a Ferroviária se impondo em casa e, longe de seus domínios, bateu o Santo André, mesmo escalada com um time misto e repleto de desfalques.
O próximo desafio de Sylvinho é, ironicamente, contra um rival comandado pelo último treinador a ter dias mais tranquilos em Itaquera. Fábio Carille, hoje treinador do Santos, é quem levou o Corinthians ao seu título mais recente, justamente o do Paulista, em 2019.
Na equipe da Vila Belmiro, no entanto, Carille também não tem tido uma vida fácil. O Santos iniciou o Estadual com um empate diante da Inter de Limeira e uma derrota para o Botafogo-SP em casa, estendendo a desconfiança da temporada passada, encerrada com briga contra o rebaixamento.
No primeiro reencontro com os corintianos, no ano passado, o treinador amargou derrota por 2 a 0, pelo Campeonato Brasileiro. A expectativa agora é que a estreia do meia Ricardo Goulart, já regularizado pelo Santos, possa ajudar Carille a ter nova sorte contra sua ex-equipe.
O treinador santista, aliás, ficou fora dos dois primeiros compromissos de seu time no ano por cumprir isolamento após ter contraído o novo coronavírus. Kaiky e Felipe Jonatan também estão recuperados, mas o meia Bruno Oliveira, já utilizado no Estadual, e o goleiro Paulo Mazoti, ainda sem estrear, testaram positivo.
Pelo lado do Corinthians, o goleiro Cássio é quem lida com a Covid-19 e irá desfalcar seu clube. Ao menos o recém-contratado Ivan já é opção para brigar pela posição com Matheus Donelli após ter sido regularizado.