LUCIANO TRINDADE
DA FOLHAPRESS
Ao sucumbir diante da pressão da torcida e demitir Sylvinho cerca de um mês após o início da temporada, a diretoria do Corinthians mostrou que não tinha convicção no trabalho do técnico. O pior para o clube, no entanto, é que passadas duas semanas depois da queda do treinador, os cartolas não têm definido o perfil do substituto.
No anúncio do desligamento do técnico, o presidente corintiano, Duilio Monteiro Alves, disse que era hora de fazer uma “correção de rota”, mas ao que parece ele busca uma mudança mais profunda para o time.
Antes de fechar com o ex-lateral, o mandatário negociou com Renato Gaúcho e Diego Aguirre. Enquanto o primeiro gosta de armar times mais ofensivos, o segundo tem preferência por sistemas defensivos fortes. Ao fracassar nas negociações e sem ter um critério claro, acabou trazendo o inexperiente Sylvinho.
É esse tipo de situação que o presidente quer evitar desta vez. Para isso, a direção corintiana tem agora uma nova ideia. A busca no momento é por um nome experiente e que seja estrangeiro, algo que tanto Duilio como o seu antecessor e padrinho no clube, Andrés Sanchez, sempre recusavam para a agremiação alvinegra.
Sanchez mantém sua convicção e tem dado entrevistas falando que prefere ver um técnico brasileiro no Parque São Jorge. Já o pupilo mudou de opinião recentemente, segundo ele, após ver o sucesso de rivais como o Palmeiras, com Abel Ferreira, e o Flamengo, com Jorge Jesus.
“Os treinadores estrangeiros com quem eu conversei no último ano, trocando ideias gerais de futebol, me surpreenderam bastante. Eu não era adepto, favorável, um entusiasta com treinadores estrangeiros. Mas minha cabeça mudou realmente”, disse em recente entrevista ao SporTV.
Entre investidas fora da realidade financeira, como a sondagem feita a Jesus, e tratativas que não foram para frente, como Paulo Fonseca, a diretoria alvinegra se vê num mercado sem muitas alternativas, mas tenta não recorrer a um expediente rotineiro no Parque São Jorge nos últimos anos, em que o clube fez uma série de apostas na hora de escolher seus treinadores. E faz tempo que nenhuma delas é certeira. A última foi em 2017, quando Fábio Carille foi alçado de auxiliar a técnico. Naquela ocasião, o profissional tinha como principais credenciais os trabalhos ao lado de Mano Menezes e Tite no próprio Corinthians. Ele era o encarregado, sobretudo, de aprimorar o sistema defensivo desenhado pelos comandantes. Conquistou dois títulos, o Paulista e o Campeonato Brasileiro daquele ano.