Nesta segunda-feira (12), 58 dos 571 funcionários da Santa Casa de Paranavaí, ou seja, 10%, estavam afastados por alguma relação com a Covid-19. São servidores de diversos setores: recepção, cozinha, lavanderia, centro cirúrgico, pronto socorro, administração etc. “É uma situação bastante complicada que está sobrecarregando os demais servidores, que já vêm extenuados por quase dois anos de pandemia. É um momento delicado”, informou o diretor do hospital, Héracles Alencar Arrais.
A redução de funcionários está impactando todos os setores. “O problema é que a transferência de funcionário é difícil. Por exemplo, se falta alguém na recepção, não dá para tirar alguém da enfermagem para substituir”, explica Arrais. Além disso, lembra ele, mesmo quando é possível a substituição há um reflexo. “Um enfermeiro que trabalha no centro cirúrgico está acostumado com a rotina do setor. Se for substituído por outro, mas que não está acostumado à rotina, já faz diferença”, compara.
De acordo com o Departamento de Recursos Humanos (RH) da Santa Casa, nesta segunda-feira eram 47 funcionários afastados com atestado por causa da Covid (contaminado, suspeito ou com familiar contaminado e/ou suspeito) e mais 11 gestantes, que devem ser afastadas do trabalho assim que confirmar a gravidez – só podem trabalhar no sistema de home office, quando é possível.
“Não está fácil”, atesta a gerente assistencial do hospital, Marily Vasconcelos Gomes. Explica que a Santa Casa está pagando horas extras para outros funcionários substituírem os que estão sendo afastados. “A pessoa até faz uma semana de hora extra, mas na outra está cansada”, informa. Ela diz que não há um setor mais atingido que outro. “Estamos com redução de funcionários em todos os setores.”
Arrais lembra que essa situação tem impacto financeiro para a Santa Casa. “Vai aumentar bastante o gasto com hora extra e num momento em que a situação já é delicada”, atesta ele.
A possibilidade de o sistema público de saúde entrar em colapso pela pandemia da Covid-19 já era prevista por algumas autoridades sanitárias. Na opinião delas, o gargalo não seria em decorrência do aumento de pacientes contaminados (a variante ômicron do coronavírus se mostra até agora menos agressiva), mas pela redução na estrutura de recursos humanos que seria afetada e afastada.
Embora tenha sido encerrado o convênio com o Governo do Estado para a manutenção de leitos de Covid, a Santa Casa vem mantendo oito leitos e uma equipe isolada para este tipo de atendimento. Com isso ficam mantidos, pelo menos em parte, a utilização em grande escala de equipamentos de proteção individual, o que também gera despesas para o hospital.
No caso de Covid, a Santa Casa não está atendendo pacientes de UTI. Estes são colocados na Central de Leitos e geralmente transferidos para Maringá ou Colorado.