LUÍS CURRO
DA FOLHAPRESS
Morto há quase 11 anos, no dia em que o Corinthians sagrou-se campeão brasileiro em 2011, Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, o inesquecível Doutor Sócrates, dará seu nome a um dos prêmios entregues na prestigiosa cerimônia da Bola de Ouro.
O evento deste ano da revista France Football, cujo ápice é a nomeação do melhor jogador do ano, será realizado no dia 17 de outubro, uma segunda-feira, em Paris.
E a mais nova premiação -criada pelo Grupo L’Équipe, dono da France Football, em parceria com a organização monegasca Peace and Sport – é o Troféu Sócrates, que será concedido à melhor ação de solidariedade realizada por um futebolista.
“Quisemos criar um prêmio que reconhecesse o trabalho dos jogadores, muitas vezes invisível, de apoiar iniciativas a favor da inclusão social, do desenvolvimento ambiental, ou de ajuda a pessoas em situação de precariedade ou vítimas de conflitos”, declarou Jérôme Cazadieu, diretor editorial da revista.
Dentro do objetivo de construir uma sociedade “mais pacífica e inclusiva”, nas palavras de Joël Bouzou, fundador na Peace and Sport, Sócrates se encaixaria -conclusão minha- mais pelos seus ideais democráticos do que pela execução de ações beneficentes.
Quando defendeu o Corinthians, o meia (protagonista do alvinegro bicampeão paulista em 1982 e 1983) celebrizou-se por ter sido um dos líderes da Democracia Corinthiana, movimento que valorizava a liberdade de expressão no clube, e por fazer campanha aberta pelas eleições diretas no Brasil sob a ditadura.
Em resumo, o Doutor, assim apelidado devido ao diploma em medicina (USP), era um exemplo de cidadania.
Nas palavras de seu irmão Raí, ídolo do São Paulo e um dos jurados na escolha do ganhador do novo prêmio, Sócrates almejava “um mundo mais justo”.
Doutor por formação, era também um doutor em campo, devido à liderança, à sabedoria, à inteligência, à competência no desempenho do futebol.
Isso sem contar a classe, com os geniais toques de calcanhar, recurso que utilizava com primazia não por capricho, mas porque, alto (1,92 m) e magro (seu outro apelido era Magrão), facilitava e agilizava a jogada.
Pela seleção brasileira, Sócrates disputou as Copas de 1982, na Espanha, como capitão, e de 1986, no México.
Em clubes, além do Corinthians, defendeu o Botafogo-SP, onde iniciou a carreira, a Fiorentina (Itália), o Flamengo e o Santos.
Com o acréscimo do Troféu Sócrates, cujos candidatos ainda não são conhecidos, a cerimônia da Bola de Ouro passa a ter sete prêmios.
Os outros são:
– melhor jogador (cujo vencedor em 2021 foi o argentino Messi);
– melhor jogadora (ganho em 2021 pela espanhola Alexia Putellas);
– melhor jogador jovem (Troféu Kopa);
– melhor goleiro (Troféu Yashin);
– maior artilheiro (Troféu Gerd Müller);
– clube do ano.