Aleksa Marques / Da Redação
De 21 a 28 de agosto acontece a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. Seu objetivo é divulgar e disseminar informações sobre as condições de pessoas nesta situação e mostrar à população que elas podem sim viver coletivamente. O tema deste ano é: “Superar barreiras para garantir inclusão” e é o que vamos tratar nesta matéria.
O Diário do Noroeste buscou informações com especialistas no assunto para ajudar as famílias a entenderem todo o processo, desde o diagnóstico de uma criança com deficiência intelectual até o seu desenvolvimento específico. Assim, os pais podem evitar um déficit de aprendizado enorme de seus filhos.
Diagnóstico – Roseli Ruiz é psicopedagoga e neuropedagoga do Núcleo Integrado de Desenvolvimento Humano (NiedH) e trabalha há mais de 20 anos na área de educação. Ela explica que tudo começa pela identificação no atraso do desenvolvimento infantil pelos pais ou pela equipe pedagógica da escola.
Logo em seguida, a criança passa por uma avaliação psicopedagógica e psicológica que apontam algumas necessidades e, caso precise, outros profissionais de diferentes áreas são acionados para um diagnóstico global completo e preciso.
“É necessário entender a capacidade cognitiva da criança para descartar ou confirmar a deficiência intelectual. A partir da triagem, cada criança terá um tipo de tratamento e acompanhamento diferenciado. E para que isso aconteça, não levamos em conta somente o prejuízo acadêmico ou atencional, mas o prejuízo de adaptação, de autonomia, social, de relacionamento com terceiros entre outros”, explica.
Para ela, identificar e diagnosticar o quanto antes é a chave para um bom crescimento da criança. Além disso, a aceitação dos pais e familiares é fundamental. “A deficiência intelectual tem diferentes níveis e precisamos dar atenção a todos pontos da esfera como a rotina dessa criança, pois cada uma delas é única e precisamos fazer uma adaptação curricular para que ela se desenvolva do jeito dela”, completa Roseli.
Ela sugere que, para crianças com limitação cognitiva, o ideal seria trabalhar com o método de abordagem fônica e o Abacadá, que trabalha o som da letra junto com o Método de Sodré que tem como base juntar o som da letra com a vogal trabalhada, por exemplo. Mas reforçando sempre que cada caso é único e precisa ser estudado. “A criança tem que apresentar atraso no desenvolvimento no modo geral desde a infância. Temos as idades esperadas para ela se desenvolver e, se isso acontece de forma atípica, é hora de acender um alerta e está tudo bem, sempre tem um jeito.”
Aceitação – Não é fácil receber a informação de que seu filho tem algum tipo de deficiência intelectual. O luto do filho perfeito se inicia no momento em que os pais não aceitam uma criança diferente daquela esperada, dita “normal”. Aí entra a psicologia para ajudar essas famílias tanto no entendimento quanto na ciência da perda que a criança pode ter se não tratada como deve.
Fernanda Almagro é psicóloga e trabalha com educação e desenvolvimento infantil há 8 anos. Ela diz que os pais precisam ter em mente que deficiência intelectual não é somente a dificuldade de aprendizagem, mas também na capacidade cognitiva comprovada por meio de testes, limitação adaptativa, social, emocional entre vários outros âmbitos.
Antigamente essas crianças não tinham a chance de mostrar seu potencial, pois a falta de conhecimento levava os pais a trancarem os filhos dentro de um quarto, muitas vezes amarrados e sem ter a chance de uma troca social por conta da vergonha. Ela diz que hoje em dia é diferente e que há um maior entendimento, mas muitas famílias insistem em negar.
“Fica muito mais fácil de lidar quando a família sabe e acredita no potencial. São crianças especiais sim, mas pela capacidade de desenvolvimento que elas possuem. Tem que oferecer o máximo de estímulos, convivência, conversas, educação e profissionais qualificados que saibam direcionar. A criança progride, ela tem a chance de mostrar do que ela é capaz, isso incentiva também a família que vê uma melhora cognitiva do filho”, explica.
A profissional reforça a necessidade de se ter em mente que, apesar dessa limitação, essa criança pode desenvolver outras habilidades. Além disso, buscar os direitos dessa criança e saber defendê-la mostra o quão interessados estão os familiares para ajudar no crescimento desse ser humano.
“Não adianta querer balizar seu filho a partir do conhecimento que você tem de um filho da vizinha do seu primo que teve algo parecido. Estude sobre a deficiência do seu filho, entenda o que é e o que isso acarretará. Cada caso é um caso e o desespero não resolve nada. Informação é o melhor remédio. Sempre”, finaliza Fernanda.
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