(44) 3421-4050 / (44) 99177-4050

Mais notícias...

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Mais notícias...

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Compartilhe:

DESCONTENTAMENTO

Decisão do STF de suspender a lei do piso salarial da enfermagem repercute em Paranavaí

REINALDO SILVA / reinaldo@diariodonoroeste.com.br

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso suspendeu a lei que estabelece o piso salarial para enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e parteiros. A decisão tomada no último domingo (4) atende a um pedido da Confederação Nacional de Saúde, Hospitais e Estabelecimentos de Serviços (CNSaúde), que afirma que os valores estabelecidos na legislação não são praticáveis e podem gerar aumento do desemprego para a categoria.

A notícia foi recebida com descontentamento. Os trabalhadores da área consideraram a suspensão um ato de desrespeito. “O profissional de enfermagem lutou muito para que esse piso salarial fosse uma realidade”, disse ao Diário do Noroeste a presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Paraná (Coren-PR), Rita Sandra Franz.

Foram 30 anos de espera pela aprovação do piso salarial. O projeto de lei passou pelo Congresso Nacional e chegou às mãos do presidente Jair Bolsonaro, sendo sancionado no dia 4 de agosto. A conquista significou dignidade e, acima de tudo, respeito ao profissional de enfermagem, declarou a presidente do Coren-PR.

De acordo com o texto, o salário-base dos enfermeiros de todo o Brasil seria de R$ 4.750. Para os técnicos de enfermagem, pelo menos 70% desse valor; para auxiliares de enfermagem e parteiros, no mínimo 50%.

A enfermeira de Paranavaí Elaine Sanches avaliou: a suspensão do piso nacional deixou todos descontentes. “[Barroso] fez tudo isso na véspera do dia de pagamento. Trouxe um desgosto, [a sensação de] desmerecimento. Feriu a integridade da categoria.”

Para Rita Sandra Franz, a decisão revelou “extrema desvalorização a uma classe que durante a pandemia foi heroína, que durante o ‘fique em casa’ estava na linha de frente cuidando dos enfermos arriscando suas próprias vidas”. Depois de todo o esforço no combate à Covid-19, agora é apontada como a categoria que está quebrando as finanças do País.

Recentemente, a Santa Casa de Paranavaí manifestou preocupação quanto à fonte de receitas para cumprir com o piso salarial
Foto: Arquivo DN

Finanças – O ministro do STF estabeleceu prazo de 60 dias para que o Governo Federal, estados e municípios informem os impactos que o pagamento do piso salarial terá sobre a situação financeira do sistema de saúde.

Esse aspecto já havia sido abordado pelo diretor-geral da Santa Casa de Paranavaí, Héracles Alencar Arrais, vice-presidente da Federação das Santas Casas de Misericórdia e Hospitais Beneficentes do Paraná (Femipa). Em abril, ele cobrou a apresentação da fonte de receita para garantir o cumprimento das obrigações decorrentes da lei do piso nacional da enfermagem.

Na ocasião, Arrais afirmou que o acréscimo sobre a folha de pagamento passaria de 100%, mais de R$ 500 mil. Declarou: “Não somos contra o aumento. Mas é público e notório que a relação de prestação de serviços versus remuneração do SUS é deficitária para os hospitais. Há 20 anos, a tabela do SUS não é reajustada linearmente. Por isso, estamos pedindo uma alocação de recursos para poder pagar o novo piso”.

A presidente do Coren-PR analisou: “Todos os estudos de impactos orçamentários foram devidamente apresentados e debatidos com todos os entes da União”. Os números foram baseados em avaliações técnicas e estudos das entidades que representam os profissionais de saúde. Diante disso, a “decisão de suspensão é discutível por não haver qualquer indício mínimo de risco para o sistema de saúde. A decisão do ministro atende a conveniência pura da classe empresarial, que não quer pagar valores justos aos serviços prestados pela enfermagem”.

Rita Sandra Franz garantiu que o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) está tomando as devidas providências para reverter a suspensão do piso salarial nacional no plenário do STF. “Esperamos ver deferido pelo ministro Barroso o pedido de amicus curiae que foi ingressado, para que se possa mais uma vez defender a constitucionalidade e a viabilidade da Lei 14.434/2022.”

Amicus curiae é um recurso utilizado para chamar a atenção da corte para fatos ou circunstâncias que poderiam não ser notados. Faz-se necessário em casos atípicos, levando informações relevantes à discussão e ampliando a visão de modo a beneficiar todos os envolvidos, pois pode tornar a decisão mais justa.

Foto/Arquivo DN

Paranavaí – De acordo com o Conselho Regional de Enfermagem do Paraná, em Paranavaí existem aproximadamente 1.270 profissionais inscritos e outros 1.100 distribuídos pelos municípios vizinhos.

Grande parte desses trabalhadores passou por formação acadêmica na Universidade Estadual do Paraná (Unespar), câmpus de Paranavaí. A graduação em tempo integral tem duração de 4 anos, sendo oferecidas 40 vagas por turma.

A diretora do câmpus, Maria Antonia Ramos Costa, é enfermeira e fez parte da primeira turma de acadêmicos, quando a instituição de ensino ainda se chamava Faculdade Estadual de Educação Ciências e Letras de Paranavaí (Fafipa).

Segundo ela, 90% dos estudantes que concluem Enfermagem na Unespar conseguem colocação no mercado de trabalho ou têm a pretensão de avançar nas etapas de pós-graduação e ingressam em cursos de especialização, mestrado e doutorado.

Em nome desse público, a diretora se manifestou sobre a decisão do ministro Luís Roberto Barroso: “Arbitrária”. Também avaliou: “Não existem serviços de saúde sem os profissionais da enfermagem. São pessoas que cuidam de vidas, ajudam a salvar vidas”.

Compartilhe: