*Renato Benvindo Frata
Nem sempre um ditado popular diz realmente a verdade, como esse, por exemplo, em que a “morte faz bom e bonito o morto.”
Em certos casos, o vivo já era bonito e bom, e a morte, com o último retoque, o enfeitou para a posteridade. Creio que isso tenha se dado com o nosso amigo Waltinho, ou Walter José Bruno, falecido dia 19 último, na véspera do Domingo de Páscoa.
A beleza de um homem não está somente na sua compleição física, mas, e principalmente, na voz dirigida, nos seus gestos, nas atitudes e no conjunto que o fazem componente de uma sociedade; e quem conviveu com o Waltinho sabe do que digo.
Embora de compleição magra e nem tão alto, era afável, de voz simples e preparada, com respostas seguras seguidas sempre de sorrisos, o que dava ao interlocutor a segurança necessária para a compreensão e aceitação. Sabe por que? Porque o Walter não dizia mentira, não brincava com a verdade e nem a espichava ou a encolhia. Era alegre, compreensivo, aglutinador.
Como profissional, a Copel – que o teve em seus quadros por muitos anos, a Fafipa que o teve à frente de centenas de alunos com a disciplina de Inglês e, por último a APDE – Associação Dos Portadores De Doença Especial que gozou de sua fidedignidade por bom tempo no comando dos registros civis e finanças, poderão avaliar a quão nobre e distinta foram as abnegação e dedicação ali deixados.
Nesse aspecto, então, há de se entender que a beleza do Walter se converteu no seu todo – o conjunto -, desde a humildade de gestos e palavras no tratamento aos seus colegas com alegria e carisma; aos amigos e público em geral, no trato das coisas particulares e de terceiros que tão bem geriu, sem pedir qualquer troca ou pagamento.
Fazia e fez por prazer, por se sentir bem doando de si ao próximo, fosse como profissional ou como pessoa dotada de bondade, entusiasmo, amizade legítima e compaixão.
Pois nesse fim seu aqui como homem, nasce a lembrança e com ela os agradecimentos e reconhecimento pela forma como se dispôs e conseguiu fazer.
Que Deus o tenha em seu abraço de boas-vindas e o conserve junto de Si nesse renascer que nossa religião ensina. Por aqui ficaremos a velar para que sua lembrança permaneça tão fiel como foi em vida, e que sua alma tenha o mesmo espírito e força da compaixão, de fidelidade aos pensamentos e quereres.
*Renato Benvindo Frata é advogado, professor universitário aposentado, contador e presidente honorário da Academia de Letras e Artes de Paranavaí