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SANTA CASA

Déficit em caixa compromete compra de insumos e medicamentos e afeta pagamento de salários

REINALDO SILVA

reinaldo@diariodonoroeste.com.br

Normalmente, o pagamento dos salários é feito em parcela única, mas não em julho. Desta vez, foi preciso dividir em duas parcelas, uma na semana passada e outra anteontem. A situação financeira da Santa Casa de Paranavaí levou a diretoria a tomar algumas medidas de contenção de despesas e interferiu diretamente no ordenado dos funcionários.

O Diário do Noroeste conversou com uma pessoa que trabalha no hospital há quase 10 anos. A pedido, omitimos o nome. Ela contou que é a primeira vez que vê a Santa Casa enfrentando um problema tão grave. Todos estão preocupados e temem que não seja possível reverter a crise. A sensação é de insegurança.

A diretoria estima que o déficit seja de aproximadamente R$ 1,5 milhão e tem buscado formas de reequilibrar o caixa. Esbarra nos altos custos de insumos, medicamentos e equipamentos de proteção. O exemplo da bolsa de soro volta a ser citado pelo diretor-geral Héracles Alencar Arrais: em fevereiro deste ano, custava R$ 3,97; na última compra, R$ 24; a cotação para a próxima remessa é de R$ 28.

A escalada de preços do dipirona também é emblemática. O anti-inflamatório tem ação antialérgica e antitérmica e é utilizado rotineiramente no tratamento dos pacientes. Foi de R$ 0,36 no início deste ano para atuais R$ 5,65.

Os preços elevados têm reflexos perigosos sobre o funcionamento da Santa Casa. Em reunião na semana passada, a diretoria do hospital entendeu que é necessário reduzir alguns procedimentos cirúrgicos que requerem grande quantidade de soro. A economia também afeta o uso de aparelhos de ar-condicionado e automóveis.

De acordo com a pessoa entrevistada pelo DN, os cortes chegaram até a cozinha. Antes, os funcionários tinham à disposição chá, café e leite. Agora, apenas chá. “A recomendação que recebemos é economizar em todos os tipos de materiais, inclusive copos”, exemplifica.

Arrais conversou com o DN por telefone. Com a preocupação perceptível no tom de voz, confirmou: “Estamos pedimos o apoio e o esforço de todos os colaboradores. Economizar onde é possível fazer economia”.

Sobre o atraso nos salários, disse que a diretoria trabalha para que isso não aconteça, mas desta vez aconteceu. A folha de pagamento continua sendo prioridade, porque sem os funcionários não é possível prestar atendimento aos pacientes. A Santa Casa de Paranavaí reúne aproximadamente 700 profissionais.

O presidente Renato Augusto Platz Guimarães destacou que as tentativas de encontrar ajuda de figuras políticas seguem insistentes. Apesar de ser um hospital privado, a Santa Casa de Paranavaí é uma entidade filantrópica e recebe, em sua maioria, usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, os valores repassados pelo Governo Federal estão defasados e não cobrem todas as despesas que deveriam.

A promessa da chegada de um aparelho de hemodinâmica pode ser o prenúncio de novos, porém não tão próximos tempos. O equipamento será utilizado para procedimentos cardíacos de alta complexidade, guiados por imagem. A alta complexidade é um dos caminhos para aumentar a arrecadação da Santa Casa, avaliou Guimarães.

A expectativa é que até o final do ano, a Santa Casa de Paranavaí assine o convênio para a aquisição do aparelho de hemodinâmica, com intermédio do deputado federal Ricardo Barros. Os R$ 3,360 milhões para a compra seriam do Ministério da Saúde, com sinalização positiva da secretária de Atenção Especializada à Saúde, Maíra Batista Botelho.

O presidente citou a ajuda do Governo do Estado e dos municípios atendidos pela Santa Casa de Paranavaí. Todos têm contribuído na tentativa de resolver o problema financeiro, mas, apesar da soma de esforços, “a situação continua muito difícil”.

O diretor-geral garantiu que, mesmo com a necessidade de reduzir custos, não haverá grandes impactos nos serviços prestados à população do Noroeste do Paraná. Pelo menos por enquanto.

Arrais lembrou que a crise financeira não é exclusividade da Santa Casa de Paranavaí, mas afeta hospitais filantrópicos de todo o Brasil, efeito também da pandemia de Covid-19 que desequilibrou o sistema de saúde. Para tentar tranquilizar fornecedores, funcionários e pacientes, o diretor-geral argumentou que o histórico é de bons pagadores e que o momento difícil será superado.

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