Acolhimento às vítimas, conscientização da sociedade e repressão dura aos agressores. O combate à violência contra a mulher no Paraná tem atuado em diversas frentes com o objetivo de diminuir a incidência de casos de agressão e, quando eles acontecem, garantir a segurança das vítimas e o cumprimento da lei.
Uma destas ações aconteceu ao longo do mês de agosto, com a adesão do Paraná à Operação Shamar, coordenada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), para combater a violência familiar doméstica e contra o feminicídio. No período, 848 pessoas foram presas, em flagrantes ou por cumprimento de mandados judiciais.
A Polícia Civil do Paraná (PCPR) também conduziu ações de conscientização em escolas, empresas e órgãos públicos, com palestras ministradas para mais de 3 mil pessoas.
Quem conta como funciona o trabalho policial nestes casos é a delegada Luciana Novaes, que chefia a Divisão de Polícia Especializada (DPE) na PCPR. Sob o comando dela estão todas as Delegacias da Mulher do Estado, além do Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria) e outras oito delegacias especiais do Paraná.
Como se deu o trabalho da polícia ao longo desta operação que resultou na detenção de 848 pessoas?
Esta é uma operação que aconteceu pelo segundo ano seguido, aproveitando a mobilização que existe por conta do Agosto Lilás, em que várias ações de conscientização são realizadas pelo fim da violência contra a mulher. É uma ação que tem dois focos ao longo de todo o mês: um operacional e outro de conscientização.
Do ponto de vista operacional, é feita uma ação policial massiva para fazer prisões e acelerar inquéritos que estão em andamento. Nós deslocamos policiais entre as cidades para que se concentrem em regiões onde pode haver um acúmulo maior de casos, para que eles tenham um andamento mais ágil. Por isso temos um número alto de prisões, por exemplo.
Neste mesmo período, a Polícia Militar fez uma série de acompanhamentos junto a mulheres que tem medidas protetivas concedidas em favor delas para checar se estas medidas estavam sendo cumpridas à risca, se elas estavam sujeitas a algum risco ou se existia alguma demanda da parte delas.
É uma intensificação de um trabalho que já é realizado cotidianamente pela Patrulha Maria da Penha. Somente no primeiro semestre deste ano, as patrulhas fizeram mais de 25 mil visitas às vítimas de violência, aproximadamente cinco vezes mais do que o volume de visitas do ano passado.
Outro aspecto da operação é educativo. Nós acreditamos que existem aspectos culturais e geracionais que precisam ser trabalhados na sociedade, principalmente com o público masculino. Uma parte deste trabalho foi feito em escolas do ensino médio, outra parte em empresas. Nossos policiais e delegados alertam sobre preconceito e sobre empatia, para que os homens compreendam o cenário da violência contra a mulher, e entendam os direitos e deveres.
Como uma mulher que é vítima deste tipo de situação pode procurar ajuda?
O Paraná tem 21 Delegacias da Mulher, além das outras 240 delegacias de polícia. Todas estas unidades estão preparadas para acolher mulheres vítimas de violência física, emocional ou psicológica. A ida da mulher à delegacia é muito importante, porque é o momento em que ela rompe o medo de procurar ajuda. Muitas vezes ela está indo denunciar uma situação que acontece dentro do lar, com pessoas que ela se relaciona diariamente, então ela precisa saber e confiar que a Polícia do Paraná está preparada para recebê-la.
Ações integradas – Além da atuação policial para coibir estes casos, o Governo do Estado tem desenvolvido ações integradas de orientação sobre violência contra as mulheres. A Secretaria de Saúde (Sesa), por exemplo, lançou nesta sexta-feira (30), a cartilha “Violência contra as mulheres: informe-se! Saiba o que fazer e como prevenir”.
O material foi elaborado em parceria com a Universidade Federal do Paraná (UFPR) para informar sobre como prevenir e agir em situações de violência doméstica, sexual e obstétrica contra as mulheres.
Canais de denúncia
Ao presenciar situações de violência doméstica, ou quando é vítima deste crime, a pessoa pode entrar em contato com a Central de Denúncias 181, pelo telefone ou pelo site: www.181.pr.gov.br. A denúncia é totalmente anônima e contribui para que as vítimas sejam salvas em tempo, para que os casos possam ser devidamente apurados e os agressores sejam punidos.
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