REINALDO SILVA
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A venda anunciada em uma plataforma digital chamou a atenção de Danielle, que estava em busca de uma motocicleta. O valor acessível motivou o contato com o vendedor, e as negociações pela internet avançaram. Detalhes acertados, faltava fazer a transferência dos documentos. Já na frente do cartório, ela fez o pagamento e, somente então, descobriu que se tratava de um golpe.
Não foi fácil para a vítima relembrar o fato. Contar os detalhes da história causa tristeza e traz à tona a realidade que precisa enfrentar: o crime de estelionato deixou para Danielle Bimbato Pereira um prejuízo de R$ 11.500. A moradora de Paranavaí foi até a Delegacia de Polícia Civil para fazer o boletim de ocorrência e aguarda o desenrolar das investigações para tentar reaver o dinheiro perdido.
O delegado-chefe, Luiz Carlos Mânica, explicou que a possibilidade de encontrar o autor é remota. Em casos como esse, os estelionatários abrem contas bancárias utilizando documentos falsos, extraviados ou até mesmo de pessoas que já morreram. Em algumas situações, emprestam contas de terceiros – que emprestam sem saber o motivo – e fazem o saque, para depois sumir sem deixar rastros.
Conhecido como golpe do falso intermediador de vendas, o crime tem se tornado comum nas plataformas online.
O criminoso copia o anúncio feito pela vítima em qualquer site de venda e cria um novo, falso, geralmente com o valor abaixo do mercado. Pede para que mantenha sigilo, porque comprará o bem e pagará uma dívida. A outra vítima, a pessoa interessada em comprar, também é orientada a se manter em silêncio. Após receber o valor combinado, o estelionatário combina de assinar o recibo em cartório. Só então os envolvidos se dão conta de que caíram em um golpe.
Mânica apontou alguns cuidados que podem ajudar a prevenir o crime. É preciso que vendedor e comprador mantenham o diálogo aberto e façam questão de se encontrar pessoalmente para que seja possível ver o produto negociado.
O delegado-chefe seguiu: “Confirme se a conta informada pertence ao vendedor ou algum familiar próximo (filho, esposa, pai, mãe etc.)” Outra dica é utilizar os meios de pagamento oferecidos pelas plataformas de venda.
O caso de Danielle – A situação relatada no início desta matéria comprova que mesmo seguindo algumas orientações, é possível ser vítima de estelionato. Danielle garantiu ao Diário do Noroeste que foi até a casa de um suposto cunhado do criminoso para ver a motocicleta. Gostou e confirmou a compra.
Na manhã seguinte, os dois foram ao cartório para finalizar as negociações. O homem levou os documentos, fato que deu credibilidade e a certeza de que Danielle sairia dali com a motocicleta. Ela fez a transferência do valor combinado via pix, em uma conta bancária que seria da esposa do golpista.
Ela relatou: “Quando terminei [a transação bancária], falei para o tal cunhado para a gente ir fazer a transferência do documento, e ele me falou que estava esperando o golpista passar o dinheiro. Falei que esse não era o combinado, que já tinha feito transferência, até comentei que tinha sido feito na conta da esposa e ele confirmou, mas não me passou documentos”.
Danielle continuou: “Comecei desconfiar e mandar mensagem para o golpista, foi quando ele me bloqueou. Comecei a ligar e ele não atendia, meu padrasto tentou ligar e também não atendeu. Percebi que tinha sido um golpe”. Foi depois disso que o suposto cunhado abriu o jogo e disse que não conhecia o golpista, que não eram cunhados.
Dinheiro perdido – Danielle contou que tinha R$ 5 mil e precisou financiar o restante do valor para fazer o pagamento da motocicleta. O valor estava abaixo da tabela, mas o golpista teria dito que precisava muito do dinheiro, por isso estava vendendo mais barato.
Sem os R$ 11.500 e sem o veículo, a vítima está vendendo rifa para conseguir pagar o financiamento. São 300 números a R$ 20 cada. A iniciativa tem como objetivo “conseguir o dinheiro do empréstimo e quitá-lo”. O prêmio de R$ 200 será no dia 31 de maio.