Momentos emocionantes marcaram a solenidade da entrega do Título de Cidadão Benemérito ao Delegado da Polícia Federal, Alexander Boeing Noronha Dias.
Com plenário e galerias lotadas, Delegado Dias ou simplesmente Alex, como é carinhosamente chamado pelos mais próximos, foi agraciado com a mais alta honraria, proposta pelo prefeito Carlos Henrique Rossato Gomes (Delegado KIQ) e aprovada por unanimidade pelos vereadores.
“O currículo e o trabalho desenvolvido na Polícia Federal são mais que suficientes para justificar essa entrega. Mas esse não foi o principal motivo da concessão desse título. Dias carrega dentro de si algo que poucos possuem: a capacidade e a vontade de transformar pessoas”, afirmou KIQ, citando um pensamento de Chico Xavier: “Ninguém quer saber o que fomos, o que possuíamos, que cargo ocupávamos no mundo; o que conta é a luz que cada um já tenha conseguido fazer brilhar em si mesmo. […] Hoje você está aqui para que possamos agradecer a sua luz e para que todos saibam que, me transformando, você me ajudou a transformar essa cidade”, finalizou o prefeito.
Depois foi a vez de exibir um vídeo dedicado ao homenageado, com depoimentos da família, dos amigos, da professora do ensino fundamental e de colegas de profissão.
Comovido, Dias, que está há 17 anos na Polícia Federal, não hesitou em dividir a honraria com os colegas de trabalho. Ressaltou a importância da Delegacia da PF em Maringá, referência no Brasil, galgada pelo empenho e dedicação nas operações especiais realizadas pela corporação em prol da segurança pública. Lembrou das dificuldades enfrentadas na profissão, quando por vezes, na ausência da esposa que viajava a trabalho, precisou levar a pequena Cecília, para dormir no chão da base de operações, das incontáveis horas dedicadas ao serviço, dos dias de férias que tornaram labuta, e inclusive das ameaças à família devido à profissão.
“Tudo isto acaba cobrando um preço, algumas ameaças, cabelos brancos, uma parte por causa da polícia e outra pelo flamengo e a ausência da minha família. E aqui cabe um pedido de desculpas por toda esta ausência. É para tentar fazer um país melhor para vocês”, assegurou o delegado.
Em seguida, agradeceu os amigos da Polícia Civil e a família, dedicando um poema ao pai Nézio Noronha Dias, cidadão honorário de Paranavaí, e a quem ele atribuiu os grandes exemplos recebidos, “de comprometimento, dedicação e esforço, nunca vendo o trabalho como um fardo, mas como algo divino e sublime”, estendendo sua gratidão também aos irmãos Daisy e Paulo Henrique, o cunhado Íris Carlos, a cunhada Gisele, os sobrinhos Catarina, Artur e Luna, os sogros Ana e Bolivar, os tios Nêodo e Abílio, os primos, a esposa Aline e as filhas Ana Clara e Cecília.
“Eu agradeço minha esposa pela tolerância, compreensão, cumplicidade, pelo apoio, por me ajudar tanto, por relevar minhas falhas, por me amar como eu sou.
A minha filha Cecília, que não veio para que eu ensinasse nada, veio para que eu pudesse aprender a amar, ter um coração puro, a olhar com cuidado, a ser melhor. […] Por último, mas não menos importante, em 2002, quando eu era um homem torto, apareceu uma menina na minha vida e muito do pouco que eu sou é por conta dela. Para que ela tivesse orgulho, me visse como alguém melhor. É por ela que eu trabalho desse jeito, é por ela que eu tento ajudar mais pessoas, é por ela que eu acordo de madrugada no sábado para ir no Lins de Vasconcelos, é por ela que eu tentei ser mais sereno, mais calmo, mais presente, apesar de não ter conseguido várias vezes. Você é luz na minha vida, minha filha Ana Clara.
Uma vez perguntaram a Chico Xavier por que ele nunca falava mal de ninguém, e ele respondeu: ‘Aos outros dou o direito de ser como são. A mim, dou o dever de ser cada dia melhor porque eu sei o que eu devo ser e ainda não sou’. E aí eu comecei a entender que a maior batalha não é com outro, é com nós mesmos. A gente luta um conflito interno todo dia para tentar ser melhor”, proferiu Dias, finalizando seu discurso com um poema de sua autoria:
“Trago com sangue a espada
E minhas feridas abertas
Tantas vidas desertas
Insistindo na ilusão
Busquei tanto tempo vingança
Sempre um novo inimigo,
A cada batalha, um castigo,
Uma dor para o meu coração
Cansado de tanta maldade
Me dobro à luz que me chama
Calo a voz que reclama
Começo a ouvir o conselho
Chegou a hora da luta
Isso se faz necessário
Olho meu adversário
E vejo meu rosto no espelho
No meio de todo o meu pranto
Vejo o choro da Terra
Entendo essa nova guerra
A convocação de Jesus
Soldado pequeno e errante
Me ponho à luta do bem
Lutando em mim mesmo também
Tentando encontrar minha luz
Na redenção da batalha
Sinto o Bem que me invade
Armado da caridade
E do amor que Jesus nos deixou
Luto o conflito diário
Em minha própria trincheira
Gravado em minha bandeira
O que devo ser e não sou”.
(Assessoria Câmara)