REINALDO SILVA
reinaldo@diariodonoroeste.com.br
Números da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) revelam que 11 municípios do Noroeste do Paraná estão em situação de pré-epidemia ou epidemia de dengue.
A progressão de casos positivos da doença ao longo das últimas semanas é preocupante em toda a região, mas chama a atenção principalmente em Alto Paraná, Inajá, Loanda, Mirador, Paraíso do Norte, Paranavaí, Planaltina do Paraná, Querência do Norte, São Carlos do Ivaí, São Pedro do Paraná e Tamboara.
O cenário crítico pede medidas rápidas e eficazes do poder público.
O diretor da 14ª Regional de Saúde, Sérgio José Ferreira, aponta o papel dos prefeitos no controle da dengue: promover a integração das secretarias, proporcionar condições para o trabalho conjunto entre agentes comunitários de saúde e agentes de combate a endemias e exigir o cumprimento da legislação quanto à limpeza da cidade.
O médico veterinário da Divisão de Vigilância em Saúde, Walter Sordi Junior, lembra que a maioria dos municípios conta com regras específicas para a limpeza de imóveis públicos e particulares. Aqueles que não dispõem de regulamentação própria devem recorrer aos códigos estadual e federal.
O período eleitoral pode ser um fator complicador se, para evitar qualquer tipo de indisposição com os moradores, os gestores abrandarem as punições. “É o momento de chamar a população. Quem não cumprir a lei tem que ser multado”, acentua o diretor da Regional de Saúde.
Há outra preocupação: o número de agentes de combate a endemias, profissionais responsáveis pelas ações diretas de combate à dengue no dia a dia. A proporção ideal é de um ACE para cada 800 a 1.000 imóveis, mas nem todos os municípios cumprem essa diretriz do Ministério da Saúde.
Em Paranavaí, por exemplo, seriam necessários pelo menos 56 agentes de combate a endemias em campo, mas a média é de 40. A contratação de pessoal sanaria o déficit, mas a alegação da Administração Municipal é que isso comprometeria o limite de gastos anuais com a folha de pagamento.
Mutirões de limpeza – O diretor da Regional de Saúde incentiva os gestores municipais a promoverem mutirões de limpeza. Em ações dessa natureza, não basta recolher móveis antigos descartados pelos moradores; é necessário eliminar todo e qualquer material que possa acumular água – garrafas, latas e pneus, para citar alguns itens.
A ação precisa alcançar todo o perímetro urbano como também a área rural.
Mas, como salienta Sordi Junior, não é possível alcançar resultados positivos sem a participação da população. Da mesma forma que o poder público, os moradores precisam adotar medidas diárias de controle do Aedes aegypti, com a limpeza frequente dos quintais e o descarte correto de resíduos.
O médico veterinário da Divisão de Vigilância em Saúde afirma que a situação é alarmante em alguns municípios da região: o lixo se acumula nas margens de estradas rurais, nos canteiros de vias públicas, nas áreas mais periféricas da cidade. “Infelizmente a população não corresponde”, lamenta.
Números da dengue – Levantamento da Sesa mostra que de agosto de 2023 até agora os municípios do Noroeste do Paraná somam 2.575 casos positivos de dengue. Os maiores volumes estão em Paranavaí (1.041), Querência do Norte (499), Paraíso do Norte (219), Tamboara (186) e Planaltina do Paraná (117).
Apesar de Paranavaí encabeçar a lista, o diretor da Regional de Saúde chama a atenção para o fato de ser o maior município do Noroeste, com população acima de 92 mil habitantes. Proporcionalmente, o cenário é mais preocupante em Querência do Norte, com pouco mais de 10.600 moradores, e Paraíso do Norte, com aproximadamente 13.200.
Chikungunya e zika – Além de dengue e febre amarela, o mosquito Aedes aegypti também é transmissor de chikungunya e zika. De acordo com a Regional de Saúde, não há casos confirmados dessas duas doenças em municípios do Noroeste.