Obrigatório nas eleições brasileiras, o horário político foi usado por candidatos desde a retomada das eleições presidenciais, em 1989, para lançar jingles que grudam, atacar oponentes, atiçar polêmicas e, claro, pedir votos e apresentar propostas. Listamos abaixo trechos de programas que marcaram a eleição, seja pela agressividade ou por virarem fenômenos pop entre os brasileiros.
Em 2022, a propaganda eleitoral no rádio e na televisão começa nesta sexta-feira (26). No primeiro turno, vão até o dia 29 de setembro. No segundo, começam em 7 de outubro e vão até o dia 28 do mesmo mês. Gloria Deus A eleição presidencial de 2018 terminou com a importância do horário eleitoral em xeque. O vencedor na disputa, o presidente Jair Bolsonaro (PL), tinha 16 segundos por dia no espaço destinado aos candidatos.
O fenômeno pop do horário eleitoral e, principalmente dos debates, foi Cabo Daciolo, que estava no Patriotas. O candidato aparecia com uma Bíblia na mão e repetia o seu slogan “glória Deus”, com sotaque carioca. Prato de comida Talvez numa das campanhas mais tensas da história eleitoral brasileira, uma propaganda de um rival foi determinante para a queda de um candidato em 2014. Quando ameaçava a então presidente Dilma Rousseff nas pesquisas de intenção de voto, Marina Silva virou alvo do horário eleitoral petista.
A proposta defendida pela candidata, na época no PSB, de dar autonomia para ao Banco Central originou um ataque da campanha do PT. Num comercial de 30 segundos, a comida sumia do prato de uma família enquanto um locutor dizia que decisões importantes para a vida dos brasileiros passariam a ser tomadas por banqueiros, e não mais por representantes eleitos. Marina despencou nas pesquisas e não chegou ao segundo turno, disputado entre Aécio Neves e a petista, que venceu a eleição.
Tô com medo Na primeira vitória em uma eleição majoritária, Lula venceu José Serra e 2002. Mas o tucano não foi a imagem mais marcante da campanha perdedora. Coube à atriz global Regina Duarte ser a cara da derrota do PSDB. Ela protagonizou uma propaganda em que lia um texto dizendo estar com medo do que aconteceria com o país caso Lula ganhasse a eleição. “Eu tô com medo”, dizia a atriz, que completava: “Não dá para ir tudo para a lata do lixo.”
Sem artista nem externa Após grande participação de artistas que apoiaram Lula e Collor e o investimento em produções externas em 1989, um artigo da lei eleitoral em 1993 mudou as regras para o pleito do ano seguinte. A legislação que valeu para a escolha do presidente em 1994 determinava que os programas eleitorais deveriam ser feitos em estúdios, vedava a utilização de gravações externas e proibia a presença de plateia, convidados, atores, personalidades.
A iniciativa partiu de deputados ligados a Leonel Brizola (PDT), que diziam defender campanhas com mais aprofundamento político e falas dos candidatos. O PT foi quem mais se queixou da nova regra, já que o partido ficou impedido de exibir imagens das viagens de Lula pelo Brasil entre 1993 e 1994, batizadas de Caravana da Cidadania.
A ex de Lula Em 1989, a campanha de Fernando Collor, do PRN, apresentou uma entrevista com uma ex-namorada de Lula, do PT. Miriam Cordeiro atacava o petista e dizia que ele era racista e que tentara convencê-la a fazer um aborto. Mãe de uma filha de Lula, ela falou por mais de cinco minutos na propaganda. Dias depois, Lula obteve direito de resposta e usou parte do horário do rival para se defender.
Meu nome é.. Com 15 segundos no horário eleitoral, o médico Enéas Carneiro conseguiu chamar a atenção em 1989. Seu discurso acelerado e firme era seguido de uma assinatura que virou um bordão marcou o pleito. O candidato do Prona fez 360 mil votos, ou 0,5% do total. Cinco anos depois, em 1994, Enéas chegou a 563 mil votos e ficou em terceiro lugar, atrás apenas de Fernando Henrique Cardoso e Lula.