Há mais de 20 anos, a logística reversa de embalagens vazias de defensivos agrícolas está na rotina do meio rural, com a responsabilidade compartilhada entre agricultores, canais de distribuição, indústrias e poder público.
Conforme a Lei 9.974/2000, obrigatoriamente, as associações de revendedores de insumos agropecuários precisam disponibilizar locais para o recebimento dos recipientes. Hoje, mais de 400 unidades fixas (postos e centrais) estão espalhadas pelo Brasil como parte do Sistema Campo Limpo, resultado da atuação do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV).
As centrais diferem dos postos de recebimento pela complexidade da operação. Nelas, ocorre uma triagem rigorosa, onde as embalagens são prensadas e, na sequência, seguem para as indústrias de reciclagem. Os recipientes que não podem ser reciclados seguem para a incineração.
Ainda, existem mais de 4 mil eventos de recebimentos itinerantes, que aumentam a capilaridade do sistema e atendem um maior número de produtores rurais. No Paraná, cerca de 110 recebimentos itinerantes ocorrem por ano. O Estado responde por 12% das embalagens de defensivos agrícolas no país, atrás apenas do Mato Grosso, com 25%.
Para mostrar, em detalhes, a importância deste trabalho e como funciona a reciclagem destes produtos, a equipe da revista Boletim Informativo, do Sistema FAEP/SENAR-PR, visitou a Central de Recebimento de Embalagens Vazias de Contenda, credenciada da Associação dos Revendedores de Insumos Agropecuários da Região Metropolitana de Curitiba (Assipar).
Associações – Nos últimos anos, o inpEV tem trabalhado para assumir a gestão das centrais de recebimento, com o objetivo de integrar e garantir a isonomia das operações em todos os Estados. Das 100 centrais espalhadas pelo país, 60 já estão sob gestão do inpEV. No Paraná, de 12, faltam apenas três (duas, as de Cascavel e Cambé, devem passar para o gerenciamento do inpEV ainda neste ano).
“É um processo de centralização das informações e da comunicação com o IAT [Instituto Água e Terra]. Com isso, toda a responsabilidade socioambiental passa a ser do inpEV”, afirma Fabio Macul, coordenador regional de operações da entidade no Paraná.
Mesmo com a transição das operações das centrais para o inpEV, as associações do Paraná continuam existindo, pois possuem outras responsabilidades legais. Uma delas é realizar o treinamento dos funcionários das revendedoras associadas, para que possam orientar, de forma correta, os produtores rurais sobre o que fazer com as embalagens após o uso do produto.
“O Estado também entra com treinamento para recebimento nas unidades, certificando que os funcionários estão aptos a fiscalizar as embalagens recebidas. O Paraná é o único Estado que tem isso”, assegura Macul.
No passado, a orientação era devolver as embalagens lavadas e tampadas acondicionadas nas caixas. Hoje, o inpEV solicita que as tampas sejam trazidas separadas, devido à fiscalização da lavagem das embalagens. As tampas podem ser colocadas em um saco de resgate.
Para a devolução, o produtor pode fazer o agendamento online no sistema do inpEV, pelo WhatsApp, nas associações ou em outros canais disponibilizados. “O agendamento evita filas e agiliza o processo”, recomenda Daniel Ikeno, supervisor da Central de Recebimento de Embalagens Vazias de Contenda.
Avanços – O Sistema Campo Limpo recolhe 94% das embalagens plásticas primárias colocadas no mercado. Deste volume, 93% são enviadas para a reciclagem e 7% são incineradas – que corresponde às embalagens não laváveis ou que não foram lavadas corretamente. Mas, a partir deste ano, as embalagens consideradas contaminadas passarão a ser recicladas.
Após a reciclagem, de acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), as novas embalagens são consideradas resíduos limpos e, portanto, seguros. Hoje são produzidos 33 artefatos homologados, que atendem diferentes setores, como construção civil, transporte, energético, móveis e defensivos agrícolas, com as embalagens Ecoplástica e tampas Ecocap.
A Ecoplástica Triex é a primeira do Brasil produzida a partir da reciclagem de embalagens de agroquímicos, representando uma solução inovadora para o mercado. Foi desenvolvida pela Campo Limpo Reciclagem e Transformação de Plásticos, uma empresa idealizada pelo próprio inpEV, com o objetivo de fechar o ciclo das embalagens de defensivos agrícolas dentro do próprio setor. A tampa Ecocap também segue o mesmo princípio, com um sistema de vedação de alta performance.