REINALDO SILVA
A rua de terra é cortada de um lado a outro por uma pequena valeta. Ali escoa a água que sai das residências em direção ao Estádio Jacob Serlhost, no Distrito de Graciosa, em Paranavaí. O material descartado pelos moradores entra por uma falha no muro que cerca o espaço esportivo, encharca o solo e compromete o gramado.
O relato de uma pessoa que preferiu não ser identificada chegou ao Diário do Noroeste e a equipe foi até o local para conferir a situação. À direita de quem entra no estádio, a grama está verde, completa, sem prejuízos para a prática esportiva. Do outro lado, as falhas se espalham e tornam inviável realizar ali uma partida de futebol.
Atravessando o campo para chegar até o muro danificado, é possível perceber que o verde fica cada vez mais escasso e o volume de água acumulada aumenta, inclusive com a formação de uma grande poça no ponto por onde entra o líquido descartado pelos moradores. Numa mistura de preocupação e ironia, a pessoa que conversou com o DN disse: “Nem se tivéssemos uma estiagem de 100 dias, como aconteceu há pouco tempo, essa lagoa secaria”. A declaração faz referência à crise hídrica que afetou o Paraná entre 2019 e 2020.
Água da pia, do tanque e da lavagem de calçada escorre pela canaleta e invade o Estádio Jacob Serlhost. É possível sentir o cheiro forte provocado pela sujeira e pelos produtos químicos represados na área interna do espaço esportivo.
O DN entrou em contato com o secretário de Esportes e Lazer de Paranavaí, Rafael Octaviano de Souza, que explicou: “Ali havia um lava-car no fundo do campo e alguém abriu o muro para a água escoar”. Disse que enviaria uma equipe para verificar o problema e avaliar se é possível fechar o buraco no muro.
Vale destacar que Graciosa não conta com rede de esgoto, e os moradores dependem do sistema de fossas para fazer o descarte de água e dejetos. De acordo com a Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), também é assim nos distritos de Mandiocaba e Piracema.