LEONARDO VIECELI
DA FOLHAPRESS
A taxa de desemprego do Brasil recuou a 5,8% no trimestre encerrado em junho, após marcar 7% nos três meses até março, que servem de base de comparação, segundo dados divulgados nesta quinta (31) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
O novo indicador é o menor da série histórica iniciada em 2012. Também é a primeira vez que a taxa fica abaixo de 6%. Até então, o menor nível havia sido de 6,1% até novembro de 2024.
Os dados integram a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), cuja série histórica passou por atualização nesta quinta.
O IBGE fez a revisão para incorporar as projeções populacionais mais recentes, publicadas pelo órgão em 2024. Essas estimativas levam em consideração o Censo Demográfico 2022 e outras fontes.
A atualização, porém, não provocou mudanças significativas nos resultados da Pnad, segundo o instituto. A taxa de desemprego pouco variou da série antiga para a nova.
Houve diferenças mais nítidas em números absolutos, já que o Censo 2022 contabilizou menos habitantes do que o sinalizado nas estimativas anteriores, que eram usadas na pesquisa do mercado de trabalho.
Isso, contudo, não alterou a “dinâmica” do emprego e da renda que já era observada na Pnad, conforme Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE.
População com trabalho chega a 102,3 milhões – A taxa de 5,8% veio levemente abaixo da mediana das projeções do mercado financeiro, que era de 6% até junho, conforme a agência Bloomberg. O intervalo das estimativas ia de 5,8% a 6,2%.
Beringuy afirmou que o mercado de trabalho segue mostrando resiliência no Brasil, embora alguns indicadores macroeconômicos não estejam dentro do que alguns analisas consideram mais adequado.
A população ocupada com algum tipo de trabalho foi estimada em 102,3 milhões de pessoas até junho. É o maior patamar da série.
Houve crescimento de 1,8% (mais 1,8 milhão) ante o período encerrado em março, quando o contingente estava em 100,5 milhões, de acordo com a pesquisa atualizada.
Na série antiga, antes da revisão, número de ocupados até março era estimado em 102,5 milhões.
O aumento da população com trabalho foi puxado pelo grupamento que inclui atividades do setor público, com ênfase na área de educação. A alta do número de ocupados foi de 4,5% nesse conjunto (mais 807 mil).
Desempregados recuam a 6,3 milhões – Já a população desempregada, que está à procura de trabalho, foi estimada em 6,3 milhões até junho.
Houve recuo de 17,4% (menos 1,3 milhão) frente aos três meses anteriores, quando o contingente estava em 7,6 milhões, segundo os dados atualizados. Na série antiga, o número de desocupados era de 7,7 milhões até março.
Qual é o cenário para o restante do ano? – Segundo o IBGE, o mercado de trabalho passa por recuperação nos últimos anos, após a pandemia.
Economistas afirmam que esse movimento refletiu o desempenho aquecido da atividade econômica em meio a medidas de estímulo do governo federal.
A geração de emprego e renda serve de incentivo para o consumo. A demanda constantemente aquecida, por outro lado, tende a gerar uma pressão sobre a inflação.
Para conter o aumento dos preços, o BC (Banco Central) promoveu um choque na taxa básica de juros, a Selic. O ciclo de aumento da taxa foi interrompido na quarta (30), em 15% ao ano.