Cortei meus dedos para não escrever,
Cortei minha língua para não dizer,
Ceguei meus olhos para não me mostrar.
Ainda ouço seu coração a cada bater,
Ainda sinto seu cheiro a me envolver,
Ainda sei que segues curiosa a me folhear.
Por que não me abandona a própria sorte?
Por que não desiste e segue sem mim?
Nunca fui um mistério a ser desvendado.
Nem tão pouco, um caso a ser estudado.
Sou apenas rascunho que o artista joga
Cheio de palavras repetidas, uma droga.
No entanto, me abraça mesmo aleijado,
Impede que o mundo me seja silenciado.
Mostra-me um caminho sem sombra de fim.
Sem você, o que seria de mim?