Aleksa Marques / Da Redação
Heróis anônimos que colocam a própria vida em risco para salvar, na grande maioria das vezes, um desconhecido. Infelizmente, eles não têm a mesma aclamação que os destemidos dos filmes, mas não precisam de aplausos para que o trabalho seja executado com muito fervor. No lugar de capa, uniforme à prova de fogo. No lugar de armas mortíferas, milhares de litros de água. No lugar de superpoderes, força verdadeira e muita coragem.
Assim são os bombeiros, que dedicam seus esforços diariamente para ajudar pessoas nas mais diversas situações de perigo. “Bombeiro não é só combater incêndio. Fazemos atendimentos com traumas, acidentes de trânsito, quedas, salvamento veicular, busca aquática e muito mais”, afirma Victor Kamei, Tenente do Corpo de Bombeiros de Paranavaí.
Ele, que aos 24 anos já participou de diversas ocorrências, fala da responsabilidade de atender a toda essa demanda que exige organização e participação conjunta da equipe. “Não estava em meus planos ser bombeiro, mas não me arrependo nenhum pouco. Vim de Ponta Grossa para Paranavaí há alguns anos e me senti acolhido pela corporação. Isso torna o trabalho mais leve”, comenta ele que entrou para este mundo aos 17 anos de idade.
Um dos integrantes deste grupo que todos consideram como família, sargento Marcelo Celli, que está na profissão há 27 anos, conta que descobriu a paixão ainda pequeno. “Acho que todas as crianças pensam um dia em ser policial ou bombeiro. E foi o meu caso”, conta.
Ele diz ainda que, mesmo com quase 30 anos exercendo a função, se sente feliz e realizado em poder ajudar o próximo toda vez que a sirene toca anunciando uma nova ocorrência. “A gente nunca perde a adrenalina, é uma emoção nova a cada dia”, confirma.
Quando perguntado sobre ser um herói para a população, em ter em suas mãos o poder de salvar vidas, a emoção toma conta e o sargento lembra que tudo vale a pena. “Por uma vida, todo sacrifício é dever”, encerra.
Rotina
O Tenente Kamei diz ainda que trabalhar no Corpo de Bombeiros é bem mais do que ir para a rua: tem os bombeiros responsáveis pela logística, pela brigada de incêndio, liberação de alvará, pela alimentação, por toda a manutenção de máquinas, veículos e também do prédio, viaturas, recursos humanos, telefonistas entre outras funções.
Diariamente, o soldado responsável por atender o telefone recebe as chamadas pelo 193. Assim que ouve os primeiros detalhes vindos do outro lado da linha, o rádio operador de plantão, soldado Igor Gonçalves rapidamente pergunta o local da ocorrência, se há vítimas e em qual situação elas se encontram.
“Precisa ter sangue frio e pensar rápido para saber como solucionar o problema. Principalmente com os trotes. Tenho que prestar muita atenção e saber se é verdadeiro ou não”, disse Gonçalves que trabalha há 2 anos nessa função. E ele faz um alerta à população que insiste em fazer chamadas falsas por brincadeira ou diversão, pois pode ocupar uma linha que realmente necessita de ajuda e tira a oportunidade de salvar pessoas em um acidente real.
Após identificar a veracidade da ligação, ele aciona os responsáveis por solucionar a ocorrência e dá prosseguimento ao telefonema o mais rápido possível. O soldado diz ainda que já salvou muitas vidas pelo telefone, principalmente crianças pequenas engasgadas com leite. “A gente orienta as mães sobre as manobras necessárias e, felizmente, conseguimos ajudar mesmo longe. Eu como pai de uma criança de 1 ano, fico muito feliz em ajudar, me coloco no lugar dos pais do outro lado da linha e é recompensador”, afirma.
Diferença entre Siate e Samu
Kamei reforça a importância da população saber a diferença entre o Samu e o Siate.
O Siate (Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência), que tem como número o 193, deve ser acionado quando há algum trauma: queda de idosos, afogamento, acidentes de trânsitos, ataque de animais ou choque elétrico, por exemplo.
O Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), no 192, deve ser acionado quando há problemas clínicos, pois há acompanhamento de um médico capacitado. Ocorrências como infarto ou mau súbito, intoxicação com produtos, desmaios ou convulsões, por exemplo, ficam a cargo desse serviço.
No Siate, os bombeiros fazem os procedimentos para evitar uma fatalidade maior antes da chegada dos médicos, quando há necessidade. Imobilizam a coluna da vítima, analisam se tem alguma lesão maior, transporte correto da pessoa, fazem os primeiros atendimentos com habilidade cirúrgica.
Lembrando que 24 municípios são atendidos pela sede do 9º Subgrupamento de Bombeiros Independente (SGBI), nos quais 4 são postos de brigada comunitária, que servem como uma primeira resposta de combate a incêndios e ações de defesa civil equipada com materiais básicos para o trabalho.
E nesse Dia dos Bombeiros, em nome de toda a população de Paranavaí e dos 24 municípios da região atendidos pelo 9° SGBI, deixo registrado o nosso muito obrigado por toda a dedicação, dias e noites em claro, abdicação dos momentos em família para ficar de plantão, cuidando de todos nós.