A saúde mental tornou-se uma das maiores preocupações dos brasileiros nos últimos anos. De acordo com o Health Service Report 2024, 54% da população já considera essa a principal questão de saúde no país. Os dados reforçam essa percepção: entre janeiro e outubro de 2024, o Sistema Único de Saúde (SUS) contabilizou 671.305 atendimentos ambulatoriais por ansiedade, um aumento de 14,3% em relação a todo o ano anterior, segundo o Ministério da Saúde. Uma pesquisa Datafolha, realizada em setembro do mesmo ano, revela ainda que 7% dos adultos avaliam sua saúde mental como ruim ou péssima, enquanto 30% relatam dificuldades frequentes para dormir e 31% convivem com sintomas recorrentes de ansiedade.
Diante desse panorama, o papel do psiquiatra é mais essencial do que nunca. Médico especialista no cuidado da mente, o psiquiatra atua no diagnóstico, tratamento e prevenção dos transtornos mentais, utilizando tanto intervenções clínicas quanto abordagens psicoterapêuticas e medicamentosas. Segundo o Dr. Cassiano, professor de Psiquiatria da Afya Educação Médica Brasília, esses profissionais são fundamentais na preservação do bem-estar emocional. “Por meio de diagnósticos precisos, tratamentos adequados e ações de prevenção, contribuímos diretamente para salvar vidas e promover qualidade de vida”, afirma.
O especialista destaca que a psiquiatria contemporânea vai além da remissão de sintomas, buscando restaurar o equilíbrio do paciente, seja no âmbito físico, mental ou espiritual. “Um desequilíbrio emocional pode afetar a química cerebral e comprometer o comportamento, assim como a falta de neurotransmissores pode impactar a vida social e profissional”, explica.
A psiquiatria do século XXI adota uma abordagem integral, que leva em conta história de vida, vínculos afetivos e contexto cultural. Nesse sentido, o médico reforça que a medicação, quando necessária, é apenas parte do cuidado. “Nosso olhar é amplo e humano, totalmente alinhado ao modelo biopsicossocial, que integra corpo, mente e ambiente no processo de cuidado”, comenta o psiquiatra da Afya Brasília.
Entretanto, apesar dos avanços, a psiquiatria ainda enfrenta muitos desafios, como o estigma e a desigualdade no acesso ao cuidado. O preconceito, muitas vezes associado à ideia equivocada de que a especialidade trata apenas casos graves ou “loucos”, ainda afasta muitos pacientes do tratamento. “Há quem veja o ato de procurar um psiquiatra como fraqueza, quando na verdade é um gesto de coragem e responsabilidade com a própria saúde”, ressalta o especialista. Soma-se a isso o que ele chama de paradoxo contemporâneo: enquanto cresce o uso indiscriminado de psicofármacos para fins estéticos ou de performance, milhões de brasileiros seguem sem acesso a profissionais qualificados ou aos medicamentos necessários para tratar transtornos mentais de forma adequada.
Nesse contexto, a psiquiatria do século XXI se firma como uma aliada indispensável na promoção da saúde mental, adotando uma prática cada vez mais empática, preventiva e centrada no cuidado integral. Reconhecer a importância da identificação precoce dos transtornos mentais e combater o estigma ainda associado à especialidade são passos fundamentais para garantir que mais pessoas tenham acesso a um tratamento digno, eficaz e humanizado. Consultas regulares, abordagens terapêuticas adequadas e o uso consciente de medicamentos não são sinais de fraqueza, mas ferramentas legítimas na busca por equilíbrio e qualidade de vida.