ADÃO RIBEIRO
O Diário do Noroeste completa 67 anos neste domingo, 23 de outubro. Hoje (22) circula a edição 19.148. Significa que por mais de 19 mil dias, milhares de pessoas de Paranavaí e região receberam a edição impressa do DN. Também significa que centenas de profissionais da comunicação trabalharam diuturnamente para que fragmentos da história chegassem aos leitores todos os dias. Para marcar a data, o DN relembra duas edições históricas como forma de agradecimento a quem, voluntariamente, tem o Diário como companhia no café, no almoço…
Em outubro de 1955, o poeta e redator Euclides Bogoni inicia a sua aventura de empreendedor, lançando o jornal “O Noroeste”. Inicialmente quinzenal, o informativo passa a semanal e depois diário, ganhando o nome que permanece até o tempo presente: Diário do Noroeste. Após uma longa vida de trabalho pela comunidade, Bogoni faleceu em 22 de junho de 2016. Mas seu legado permanece e sua família continua atuante na cidade. Hoje, o DN pertence ao Grupo Carvalho, que abraçou em 2020 a missão de continuar a longa trajetória da boa notícia.
Edições históricas – Para marcar a data comemorativa, resgatamos duas edições históricas. A primeira delas (número 31), de 3 de março de 1957, apresenta como matéria principal a visita do então prefeito Ulisses Faria Bandeira, acompanhado do diretor da Companhia Mista de Energia Elétrica, Genezio Baptiston, ao Rio Ivaí, na perspectiva de construir uma usina hidrelétrica para resolver o problema do abastecimento de energia do município. Faria Bandeira foi o segundo prefeito de Paranavaí, sucedendo José Vaz de Carvalho.
Nesta edição, outros dois fatores de capa chamam a atenção: o anúncio da longeva Lojas Riachuelo e o rodapé, estimulando a compra de terrenos em Paranavaí. Destaca-se: a longo prazo e sem juros maiores.
Posse do bispo – Outra edição histórica é datada de 11 de julho de 1968. Nela, o DN estampa a posse de dom Benjamin de Souza Gomes, o primeiro bispo da recém-criada Diocese de Paranavaí, confirmada em 15 de março daquele ano. A posse aconteceu no dia 7 de julho. De tão relevante, foi considerado o evento mais importante desde a fundação do município, ocorrida em 14 de novembro de 1951.
Texto assinado pelo redator Souza Filho assim se referiu ao momento: “Intensa expectativa popular cercou a posse de dom Benjamin em Paranavaí”. E seguiu, afirmando que cerca de 50 mil pessoas prestigiaram a chegada, comitivas de todo o Noroeste.
Em tempos de eleição, outro dado relevante: o DN informava ao descrever a cidade que Paranavaí tinha três deputados estaduais e dois deputados federais. Essa força política conferia ao município o título de Capital do Noroeste, com apenas 15 anos e cerca de 60 mil habitantes.
Homenagem ao fundador – Fundado no dia 23 de outubro de 1955, o jornal nasceu “O Noroeste”, já pensando em sua vocação regional. Fundador e pioneiro das comunicações no interior, Euclides Bogoni implantou um informativo longevo. O DN resiste ao tempo. É o segundo jornal mais antigo do interior paranaense. Uma trajetória feita por centenas de pessoas que não desistiram dos sonhos e construíram, no dia a dia, uma história bem contada. Há 67 anos. A espécie de slogam “Uma história bem contada” foi sugestão de Saul Bogoni, colunista e por muito tempo editor-chefe. Irmão de Euclides, ele faleceu no dia 11 de maio de 2020.
Catarinense de Videira, falecido no dia 22 de junho de 2016, o jornalista Euclides Bogoni teve os primeiros contatos com as letras quando passou a escrever poemas, alguns publicados em jornais de Curitiba e Londrina. Por conta da vocação, foi convidado para escrever em um informativo que encerrou suas atividades em 1954, o “Paranavaí Jornal”.
Quando a empresa deixou de existir, Bogoni havia se apaixonado por jornal e partiu para o grande projeto de sua vida. Assim nasceu “O Noroeste”, que mais tarde se tornaria “Diário do Noroeste”.
Para facilitar o processo, Bogoni adquiriu uma impressora seminova em Maringá, a chamada máquina plana. Como não havia energia elétrica, o jornal era “rodado” na base da força. Ele contratava homens fortes para rodar a manivela e assim editar seu informativo.
De poeta a jornalista, uma história de muito trabalho. Como empreendedor, Bogoni foi um dos fundadores da Associação Comercial e Empresarial de Paranavaí, no ano de 1955, entidade que também completou 67 anos, no dia 12 de fevereiro.
Preocupado com as causas sociais, Bogoni se tornou rotariano em 1960, permanecendo no clube de serviço até o falecimento. Naquele período, aliás, o Rotary era uma fonte indispensável de informações jornalísticas e também das demandas da comunidade.
De jeito simples e mais ouvinte do que falante, Euclides Bogoni fez inúmeras declarações de amor pela cidade. Numa delas, lembrou que nasceu em Santa Catarina, mas se mudou para a Região Noroeste para trabalhar por ela e não para se aproveitar dela.
O jornalista Euclides Bogoni morreu aos 82 anos na madrugada de 22 de junho de 2016. Diretor do jornal Diário do Noroeste por tanto tempo, tinha suas soluções para superar momentos de dificuldade.
Sobre crise econômica e falta de oportunidades, uma receita: ação.
Sua sala no DN, sem luxo, por sinal, nem de longe lembra o prestígio que desfrutava por todo o Paraná. A mesma sala onde atendia governadores, senadores e outras grandes autoridades, era também testemunha do seu carinho por pessoas humildes e da paciência em atender crianças e estudantes a perguntar sobre a arte de fazer jornalismo numa região em desbravamento.
Na mesa de trabalho, a inseparável cuia de chimarrão, que gentilmente dividia com os partícipes.
Em 30 de maio de 2014, Euclides Bogoni recebeu o Título de Cidadão Honorário do Paraná.