Ele abordou os investimentos da usina na região e detalhou o sistema energético nacional. Sobre política, não descartou disputar as eleições de 2026, embora priorize o projeto de administrar Itaipu até o ano que vem
ADÃO RIBEIRO
O diretor-geral da Itaipu Binacional, Enio Verri, visitou a Redação do Diário do Noroeste nesta sexta-feira (26). Ele falou das missões da usina, a exemplo do investimento nas 399 cidades paranaenses, de forma particular, no Noroeste. No quesito energia, discorreu sobre o complexo sistema desde a produção até a distribuição. O gestor falou ainda de política, e não descartou participar das eleições 2026, embora a prioridade seja a administração da usina, função para a qual foi eleito e tem mandato até o fim do próximo ano.
Verri traçou um cenário mundial. Lembrou que o mundo vive um momento de desafios por conta da política, especialmente dos Estados Unidos da América. Como opinou, a política em andamento capitaneada pelo governo estadunidense está baseada em tarifas elevadas para parceiros comerciais e conflitos bélicos em andamento, caso de Rússia x Ucrânia, e na faixa de Gaza envolvendo iranianos e palestinos.
Esse cenário, advertiu, interfere na economia de outros países, caso do Brasil. No entanto, apostou no diálogo entre Brasil e Estados Unidos para resolver a questão do tarifaço e voltar com as relações comerciais dentro da normalidade. Ele se mostrou otimista com a realidade brasileira e disse que vê rápida mudança a partir da rodada de conversa prevista entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, presidente dos Estados Unidos.

Explicando – A respeito da energia elétrica, Enio Verri lembrou que a Usina de Itaipu é a produtora, com a Eletrobrás fazendo a transmissão, cabendo à Copel (no caso do Paraná) a distribuição. Questionado sobre a reclamada falta de capacidade energética da região, o que limita novos grandes investimentos industriais, Verri lembrou que a responsabilidade é da Copel.
Ainda assim, defendeu que Itaipu fez a sua parte reduzindo o preço em 26% no ano de 2023, o que deve permanecer até 2026. Advertiu que se refere ao preço da Binacional (geradora) e que eventuais aumentos ocorrem ao longo da cadeia entre a transmissão e a chegada até a casa ou empresa das pessoas.
Produção – O administrador falou da aparente contradição de que o País vive um excesso de produção de energia. O problema é que a energia do vento e solar têm horários de produção, enquanto as hidrelétricas produzem de maneira ininterrupta, o que é necessário para a atividade industrial. Exemplificando, disse que a Usina é “a grande bateria do Brasil”, evitando que falte a energia para a população quando o vento para e o sol é encoberto ou se põe.
Lembrando que Itaipu dispõe de um centro tecnológico, Verri destacou que o armazenamento da energia em baterias está com pesquisas avançadas e deve ser uma solução em breve.
Social – Falando do presente, a usina está investindo em instalação de placas fotovoltaicas para hospitais e universidades públicas. Em Paranavaí, por exemplo, a ação de Itaipu deve beneficiar a Unespar, o Instituto Federal e a Santa Casa. Implantação dessa fonte será importante para reduzir a conta de energia desses estabelecimentos. Não se trata de uma contradição por causa dos picos de produção nacionalmente, mas de uma maneira de beneficiar as instituições de caráter público, defendeu. Até porque, a produção tem a ver com as regiões do Brasil e com os horários de pico.
Atualmente 40% da energia do Brasil vêm das fontes solar e eólica. Itaipu responde por 8%. Já foram 25%. Esse índice não reduz a importância da usina que no ano passado entrou para o Livro dos Recordes com a maior produção de energia do mundo. Sem contar que a importância de Itaipu é estratégica para manter o equilíbrio do abastecimento, sobretudo, para a economia nacional.

Investimentos na região – O Programa Itaipu Mais que Energia leva recursos para os 399 municípios do Paraná e outros 33 de Mato Grosso do Sul, áreas impactadas pelo lago da usina. O diretor disse que a partir de 2023, por política pública do atual Governo, a ordem foi investir nas cidades, melhorando a vida das pessoas.
No primeiro edital, o valor chegou a R$ 1 bilhão. Atualmente mais de mil entidades são alcançadas com investimento de R$ 302 milhões.
Itaipu tem investimentos ambientais relevantes e segue um trabalho com o Cica e o Comafen, dois consórcios ambientais do Noroeste. Paranavaí tem investimento em torno de R$ 3 milhões. Para ontem estava marcada a inauguração de uma estrada rural em Paraíso do Norte, onde foram investidos R$ 5,6 milhões de recursos da Binacional e R$ 2,6 milhões de contrapartida municipal.
Política – Enio Verri não descartou a participação nas eleições do ano que vem. Tudo dependerá das decisões partidárias, passando pela liderança do presidente Lula. Ele preferiu não falar em cargos, mas uma das possibilidades é uma candidatura a governador.
O administrador se mostrou cauteloso, lembrando que foi eleito diretor-geral de Itaipu com mandato até 2026. Portanto, seria preciso um ajuste de rota. Por outro lado, disse que o PT tem vários quadros, incluindo a ministra Gleisi Hoffmann e o deputado federal Zeca Dirceu. As definições ficam para o ano que vem.
Verri visitou o Diário do Noroeste na manhã desta sexta-feira (26), acompanhado de lideranças regionais. Estiveram com o diretor de Itaipu: Beto Vizzotto, prefeito de Paraíso do Norte; Zeca Dirceu, deputado federal; Josival Moreira e Professor Carlos, vereadores de Paranavaí; César Alexandre e Daniel Moreira, líderes partidários locais; além do empresário Paulo Pratinha. Foram recebidos pelo diretor-geral do DN, Sérgio Carvalho, e pelo diretor-operacional Guto Costa.
A entrevista completa com Enio Verri está disponível no canal do YouTube do Diário do Noroeste.