REINALDO SILVA
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“Vi o ódio nos olhos deles; um bafo odioso que culminou num ‘vai embora daqui’. Foi uma miniexperiência de terror, quando foi se revelando uma onda de ódio e rancor.” As palavras são de uma professora, ainda perplexa com o que aconteceu na noite de terça-feira (11). Ela diz que estava em um estabelecimento comercial de Paranavaí e passou a ser alvo de agressões verbais por causa de uma imagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Vídeos da discussão repercutiram nas redes sociais e, na página pessoal, a professora compartilhou um texto contando sua versão do fato. Por motivos de segurança, optamos pela omissão dos nomes.
O rosto de Lula estampa uma toalha que também serve como bandeira e, naquela noite, foi proteção contra a chuva. Assim que chegou ao local, avistou duas amigas e se dirigiu à mesa em que estavam. Alguns frequentadores do estabelecimento manifestaram sinais de aprovação à figura do ex-presidente. Outros reprovaram o adereço e, conforme conta a professora, se enfureceram.
No auge da confusão, ela foi convidada a se retirar do local, uma tentativa de garantir que não sofresse qualquer tipo de violência física. “Fui me dirigindo para fora, fazendo o meu discurso: é essa democracia que vocês defendem?”, narra a professora. Ao sair, viu que um dos homens que gritaram à sua presença seguia para o lado de fora. “Saí em disparada subindo a rua. Afoita, coração a mil, uma mistura de medo e coragem entalada na garganta. Não olhei para trás e por um instante imaginei um tiro pelas costas em minha direção.”
O relato termina com a professora dizendo que chegou em casa sem problemas, que não foi perseguida ou ameaçada. “Tudo poderia ter sido pior, mas foi como foi. No elevador, ao subir sozinha rumo ao aconchego do meu lar, fitei-me no espelho e ri, uma gargalhada com ares de vitória: eu existo.” Nas últimas palavras, o texto faz um brinde à democracia.
O Diário do Noroeste entrou em contato com um representante do estabelecimento comercial. Preferiu não se manifestar, apenas disse que nada de grave aconteceu, se não um bate-boca por causa de política. No 8º Batalhão de Polícia Militar não há registro de boletim de ocorrência relacionado ao episódio.