SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar abriu em leve alta nesta quarta-feira (31), com investidores acompanhando a tramitação do acordo para aumentar o teto da dívida dos Estados Unidos no Congresso americano.
Às 9h54 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,45%, a R$ 5,0650 na venda. Na B3, às 9h54 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,04%, a R$ 5,0630.
O fechamento da taxa Ptax e especulações sobre decisões de juros do Fed (Federal Reserve) e do Banco Central também influenciam o dólar, fazendo a moeda subir ante o real desde o início da semana.
A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas (no sentido de alta do dólar) ou vendidas em dólar (no sentido de baixa).
Por isso, o dólar fechou em alta na terça-feira (30), enquanto a Bolsa brasileira teve queda pressionada por perdas da Petrobras e da Vale. Ações do setor bancário também puxaram o Ibovespa para o negativo, após a divulgação de dados que mostram recuo na concessão de crédito e aumento da inadimplência no Brasil.
O Ibovespa caiu 1,24% na terça, a 108.967 pontos, enquanto dólar subiu 0,61%, a R$ 5,042.
Quedas nos contratos futuros do minério de ferro e do petróleo no exterior derrubaram as ações da Vale e da Petrobras, as mais negociadas da sessão, puxando a Bolsa para o negativo. A mineradora teve recuo de 2,35%, e a petroleira, de 1,12%.
Ações do setor bancário também caíram após a divulgação dados que mostram recuo nas concessões de empréstimos e aumento da inadimplência no Brasil. Papéis do Itaú e do Bradesco caíram 1,41% e 2,72%, respectivamente, e acompanharam Vale e Petrobras na lista dos mais negociados do pregão.
Frigoríficos brasileiros também aprofundaram perdas, após a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) anunciar que os bancos vão passar a checar as empresas que compraram gado proveniente de áreas desmatadas na Amazônia Legal antes de conceder crédito.
Na outra ponta, porém, altas do Banco do Brasil (0,85%), que anunciou a antecipação do pagamento de dividendos, da IRB Brasil (4,31%) e da Hapvida (4,10%) apoiaram o Ibovespa.
Ainda nesta terça, a FGV (Fundação Getulio Vargas) divulgou que a deflação do IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) se intensificou em maio para 1,84% e marcou a maior queda na série histórica iniciada em 1989. Em paralelo, o IPP (Índice de Preços ao Produtor), do IBGE, caiu 0,35% em abril, a terceira taxa mensal negativa seguida.
Os novos dados somam-se ao IPCA-15, divulgado na semana passada, como sinais de alívio na alta de preços no Brasil.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou na segunda (29) que os núcleos de inflação estão perdendo força, embora de maneira mais lenta que o esperado. Ele diz, porém, que a queda deve se manter.
Nesse cenário, os contratos de juros com vencimento em janeiro de 2024 mantiveram-se estáveis em 13,20%, enquanto os para 2025 foram de 11,48% para 11,46%.
O mercado projeta o início de cortes na Selic (taxa básica de juros) em setembro deste ano, mas apostas de uma diminuição antecipada vêm ganhando força com a divulgação dos últimos dados de inflação.
Nos Estados Unidos, investidores acompanham a tramitação do acordo para elevar o teto da dívida no Congresso americano. Parlamentares de extrema direita já se manifestaram contra o texto, e o presidente Joe Biden precisa do apoio da maioria republicana na Câmara para a aprovação do acordo.
Além disso, o aumento das apostas de que o Fed pode promover uma nova alta nos juros dos Estados Unidos apoiava a moeda americana. Isso porque o dólar tende a se beneficiar em períodos de juros altos nos EUA, já que a renda fixa do país torna-se mais atrativa para recursos de investidores.
A perspectiva de queda nos juros no Brasil, por sua vez, também contribui para a alta do dólar com relação ao real, já que, na lógica inversa, os ativos locais teriam menor rendimento, o que tende a gerar saída de recursos.
No mercado de ações americano, o destaque do dia foi a Nvidia, que chegou a atingir US$ 1 trilhão em valor de mercado impulsionada pelo crescimento da inteligência artificial.
Com isso, o Nasdaq, mais sensível ao setor de tecnologia, subiu 0,32%. O Dow Jones, porém, teve queda de 0,15%, enquanto o S&P 500 manteve-se em estabilidade.
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