SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O dólar caía nos primeiros negócios desta segunda-feira (3), acompanhando a desvalorização da divisa no exterior em meio à disparada nos preços do petróleo, enquanto investidores monitoram reunião entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
Para o restante da semana, as expectativas devem girar em torno de indicadores do mercado de trabalho nos Estados Unidos. A partir desta terça-feira (4), saem os dados de oferta de empregos, criação de vagas no setor privado, pedidos de seguro-desemprego e, na sexta-feira (7), será divulgado o relatório mais amplo, conhecido como Payroll.
No Brasil, a agenda de indicadores será mais esvaziada, inclusive com feriado da Sexta-Feira Santa.
Às 9h02 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,28%, a R$ 5,0555 na venda.
Na B3, às 9h02 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,21%, a R$ 5,0765.
A Bolsa fechou em baixa nesta sexta-feira (31), no último pregão do primeiro trimestre. No final, o Ibovespa praticamente zerou os ganhos registrados nesta quinta-feira (30), impulsionados pela divulgação das novas regras fiscais pelo governo.
A piora na percepção sobre a atividade econômica brasileira acentuou o movimento de realização de lucros, que seria natural após cinco altas seguidas, segundo analistas.
O dólar caiu também por questões técnicas, já que o final do mês marca o fechamento da taxa Ptax, cotação calculada pelo BC que serve de referência para a liquidação de contratos futuros. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas ou vendidas em dólar.
O Ibovespa fechou em baixa de 1,77%, a 101.882 pontos. Assim, o índice encerrou o mês de março com queda acumulada de 2,9%. O dólar comercial à vista encerrou o dia com queda de 0,54%, a R$ 5,069. No mês, a moeda perdeu também quase 3% do seu valor em relação ao real.
No mercado de juros, as taxas voltaram a subir, após as quedas desta quinta. Nos contratos com vencimento em janeiro de 2024, os juros avançaram de 13,15% para 13,20%. Para janeiro de 2025, passou de 11,95% para 12,02%. No vencimento em janeiro de 2027, a taxa ficou mais perto da estabilidade, passando de 12,08% para 12,10%.
O Morgan Stanley revisou para baixo todas as suas projeções de indicadores econômicos do Brasil em 2023. O banco americano espera um crescimento de 1% do PIB (Produto Interno Bruto), ante previsão anterior de 1,4%.
Entre os dados acompanhados pelo banco, somente o consumo do governo foi revisado para cima, de um aumento de 1,1% para 1,4%. No consumo das famílias, o avanço projetado passou de 1,4% para 1%, e para os investimentos, o Morgan Stanley passou a projetar queda de 5%, ante previsão anterior de 2,7% de baixa.
“A desaceleração na oferta de crédito e a piora na confiança das empresas nos levaram a projetar um crescimento mais fraco para o Brasil em 2023”, dizem os analistas.
O Morgan Stanley aponta outros episódios fora do ambiente macroeconômico que vão influenciar a capacidade de crescimento do Brasil em 2023. “A recuperação judicial da Americanas e a redução na taxa de juros do consignado podem deteriorar ainda mais o ambiente de crédito, mesmo que temporariamente”, diz o Morgan Stanley.
Outro dado econômico divulgado nesta sexta ajudou a piorar esta percepção sobre a economia brasileira. Depois de seis trimestres de queda, a taxa de desemprego voltou a crescer no país, fechando o trimestre encerrado em fevereiro em 8,6%. Ao todo, são 483 mil desempregados a mais do que no trimestre encerrado em novembro de 2022.
Embora o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica) avalie que ainda não é possível identificar os efeitos da desaceleração econômica no indicador, o mercado espera que o desemprego continue em alta nos próximos trimestres, com a piora da conjuntura.
Com isso, os setores que mais sofreram na Bolsa nesta sexta foram os que dependem da demanda doméstica. “O setor mais prejudicado está sendo o varejo, apresentando uma grande realização de lucros de posições montadas essa semana e pelo atual momento de juros altos”, afirma Lucas Caumont, estrategista de investimentos da Matriz Capital.
Entre as principais quedas do Ibovespa nesta sexta ficaram as ações ordinárias do Grupo Soma (-7%) e de Lojas Renner (-6,07%). As ordinárias de Petz e Magazine Luiza caíram 5,20% e 3,78%, respectivamente.
Os investidores continuavam digerindo nesta sexta a proposta do governo para a nova regra fiscal, que terá uma trava para impedir que os gastos federais cresçam mais do que a arrecadação, mas contará também com um limite mínimo para a evolução das despesas, que crescerão sempre acima da inflação.
No dia seguinte à apresentação do projeto, o ministro Fernando Haddad (Fazenda) recebeu representantes do mercado financeiro e de setores produtivos em São Paulo.
Os encontros, sete no total, foram agendados com antecedência para tratar de assuntos diversos, incluindo a nova regra fiscal e a esperada reforma tributária.
O índices de ações nos Estados Unidos fecharam em alta, depois da desaceleração da inflação ao consumidor em fevereiro.
O PCE, medida de preços preferida pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano), subiu 0,3% no mês passado, ante estimativa de 0,4% feita por economistas ouvidos pela Bloomberg. Os gastos dos consumidores caíram 0,1%, após a alta de 1,5% em janeiro. Em 12 meses, o PCE desacelerou de 5,4% para 5%.
O índice Dow Jones fechou esta sexta-feira em alta de 1,26%. S&P 500 e Nasdaq avançaram 1,44% e 1,74%, respectivamente. As ações das empresas de tecnologia se beneficiam mais deste cenário de desaceleração da inflação, com perspectiva de que o ciclo de alta dos juros pode estar perto do fim.
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