CAROLINA LINHARES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O pré-candidato à Presidência da República do PSDB, João Doria, fará um pronunciamento, nesta segunda-feira (23), às 12h, em meio à pressão do partido para que desista da sua campanha.
O PSDB deve deliberar apoio à senadora Simone Tebet (MDB) em reunião da executiva nesta terça-feira (24). MDB, PSDB e Cidadania têm um acordo para lançar uma candidatura única da chamada terceira via –e, na semana passada, uma pesquisa encomendada pelos partidos indicou que a emedebista era mais viável do que o tucano.
Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, apesar de Doria ter vencido as prévias do PSDB em novembro passado, a cúpula do partido vinha seguindo um roteiro para derrubar sua pré-candidatura com base no acordo firmado com MDB e Cidadania.
Até aliados de Doria passaram a admitir que sua pré-candidatura havia ficado insustentável depois que mesmo a bancada paulista do PSDB passou a operar contra Doria.
Tucanos afirmam que isso inclui o atual governador, Rodrigo Garcia (PSDB), que em entrevistas recentes defendeu o acordo com o MDB e uma candidatura competitiva da terceira via. A pré-campanha de Rodrigo vem tentando se descolar de Doria. Já auxiliares do governador negam que ele faça parte de uma conspiração contra o antecessor.
Na última terça-feira (17), a maior parte da executiva do PSDB, em reunião, avaliou que Doria prejudicaria os demais candidatos do partido, o que ampliou a expectativa de que o ex-governador paulista desistisse –algo que seus aliados sempre negaram.
Enquanto parte do PSDB defende o apoio a Tebet, outra ala ainda prega uma candidatura própria –desde que não seja a de Doria. A aposta é a de que o MDB acabará rifando Tebet, o que abriria espaço para a candidatura tucana.
Doria e seus aliados, minoritários no partido, vinham rebatendo os argumentos pró-Tebet com base nas pesquisas que o mostram à frente numericamente da senadora. Além disso, ressaltam que o ex-governador tem um legado a mostrar, que inclui a vacina contra a Covid-19, e venceu prévias que custaram R$ 12 milhões de verba pública.
Para o entorno do ex-governador, o PSDB deveria deixar a escolha entre Doria e Tebet para mais adiante, antes das convenções previstas para julho e agosto –o que lhe daria mais tempo para crescer nas intenções de votos.
Vencedor de duas eleições seguidas, em 2016 e 2018, e vitorioso em três prévias tucanas, Doria acumula alta rejeição entre eleitores e, por isso, é visto como tóxico pela cúpula do PSDB. Outros nomes tucanos que disputarão governos estaduais e vagas no Congresso têm pregado contra sua candidatura.
Além disso, como gosta de lembrar, Doria sempre enfrentou resistência no PSDB. Em 2016, sua candidatura à Prefeitura de São Paulo foi apoiada inicialmente apenas por Geraldo Alckmin (PSB), que hoje é um desafeto do tucano e se considera traído pelo afilhado.
A chegada na política como antipolítico, a empreitada para expulsar Aécio, a tentativa de presidir o PSDB e a associação com Jair Bolsonaro (PL) são episódios que deram a Doria a má fama no partido.
O estilo trator também vigorou nas prévias, com acusações de compra de votos e de filiações intempestivas, além da vantagem da máquina tucana paulista. Isso explica, para parte dos tucanos, porque Doria ganhou, mas não levou.
De lá pra cá, os tropeços se seguiram -rompimento com Araújo, o quase recuo na renúncia, um jantar em que a terceira via deu o cano e finalmente a ameaça de judicialização.
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