ADÃO RIBEIRO
Médico atuante e vereador por duas gestões, o presidente da Câmara de Paranavaí, Leônidas Fávero Neto, é pré-candidato a deputado estadual do Paraná. Em entrevista ao Diário do Noroeste na última semana, ele falou das suas ideias para o eventual mandato. Também defendeu a Câmara e sua relação harmônica com o Poder Executivo. Considera uma vantagem da sua pré-candidatura o alinhamento político com o prefeito Carlos Henrique Rossato Gomes (Delegado KIQ) e com o deputado estadual Tião Medeiros, agora pré-candidato a deputado federal.
A composição partidária o colocaria em condições favoráveis, entende. Ele é filiado ao Cidadania, partido que integra a federação com o PSDB. O grupo tem quatro parlamentares estaduais e projeta cinco cadeiras em 2022. Com isso, arrisca, dá para ser competitivo a partir de 30 mil votos. Ressalta que se trata de projeções e que não se prende a esses cálculos proporcionais. Portanto, considera que a campanha futura deva projetar o maior número de votos possível.
Ele ainda pede comparações com outras campanhas. Referindo-se ao pré-candidato Rogério Lorenzetti, lembra que o PSD tem 16 deputados e deve reduzir esse número para algo em torno de 14 ou menos. “É só analisar esse cenário”, cita.
Leônidas diz que participaria de eventuais debates para reduzir o número de candidaturas. Mas, vê pouco espaço para tal prática. Acha normal ter chapas de oposição e situação. E faz outro exercício que espera que o beneficie. O prefeito KIQ foi reeleito com 64,15% dos votos, enquanto a oposição teria, em tese e de largada, o restante do espaço.
Ele complementa que esses números e mais os apoios que vem recebendo tornam inviável qualquer chance de retirar o seu nome da disputa. Também, analisa, em comparação com outras cidades de porte semelhante, Paranavaí tem até menos postulantes. No entendimento do parlamentar, a futura campanha deve pedir votos para candidatos locais e todos dando apoio ao federal Tião Medeiros.
Infraestrutura – Na infraestrutura, o pré-candidato promete apoio ao projeto de duplicação da BR-376 e interligação com o Mato Grosso do Sul. Ele entende que a adequação vai impulsionar o turismo, uma das bandeiras do governador Ratinho Júnior. Pensa que é obrigação dos governos devolver parte do que o Noroeste produz em riquezas. A rodovia é apontada ainda como estratégica para escoamento da produção agropecuária dos dois estados.
Saúde – Usando a experiência como profissional de saúde, Leônidas pede uma reflexão sobre a Santa Casa, o hospital de referência da região. A Santa Casa dobrou de tamanho com a abertura da Unidade Morumbi. No entanto, os recursos não avançaram na mesma proporção.
Um dos caminhos é fazer os procedimentos mais bem remunerados pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e assim subsidiar o setor. Mas, vê que é preciso garantir outras fontes públicas de financiamento. Como lembra, a saúde é gerida de forma tripartite, isto é, com atribuições para as três esferas governamentais (municípios, estados e União).
A pandemia de Covid-19 trouxe luz sobre o tema saúde e revelou, por exemplo, a necessidade abrir novos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Antes havia somente dez vagas. Hoje são 20 leitos. Sem contar que muitas pessoas migraram do particular e dos planos de saúde para a rede pública, impactando o sistema.
Leônidas Fávero é muito atuante na área da medicina, inclusive com funções de cirurgião na Santa Casa (contrato privado de prestação de serviços). Ele espera manter os atendimentos, mesmo com a campanha e a eventual eleição. Porém, admite diminuir o ritmo, sem perda para os pacientes. Explica: sua filha, que já é cirurgiã, deve paulatinamente assumir a medicina em Paranavaí.
Câmara de Vereadores – A Câmara de Vereadores de Paranavaí vive um período atípico. No ano passado foram duas cassações de mandatos pela Justiça Eleitoral por conta de irregularidades na cota de mulheres do PSB. Recentemente, uma comissão processante foi instalada para averiguar conduta do vereador Roberto Cauneto Picoreli (Pó Royal), acusado de falta de decoro. Ainda neste período, foram negados dois pedidos de investigações, um contra o prefeito KIQ e outro contra o vereador Luís Paulo Hurtado, ambos por falta de decoro.
O presidente diz que no caso das cassações, não há o que se analisar. São decisões judiciais e foram cumpridas. Nos demais casos os vereadores votaram, optando por investigar a conduta de Pó Royal e arquivando os outros dois. Tudo dentro da normalidade, ressalta.
Ele rechaça a ideia de que a Câmara estaria apenas chancelando o as ações do Executivo. Pelo contrário, diz que se trata de um trabalho harmônico, sem alinhamento automático. Os projetos são analisados pela Comissão de Constituição e Justiça. Por conta do bom relacionamento, são debatidas adequações, sem grandes problemas na hora das votações. “Não adianta só discutir, é preciso achar soluções”, exemplifica.
Fávero Neto descartou que receba qualquer benefício por sua esposa fazer parte da equipe da Secretaria de Saúde. Ela é profissional qualificada e foi convidada pela secretaria, sem qualquer interferência. “Não posso pedir para que não trabalhe”, entende. Também descarta nepotismo cruzado, já que não existe qualquer nomeação na Câmara que sugira tal conduta.
Afirma acompanhar com tranquilidade e se houver orientações por parte do Ministério Público, serão cumpridas prontamente. Um pré-candidato a deputado estadual teria formalizado denúncia ao Ministério Público.
O presidente da Câmara concedeu entrevista ao Diário do Noroeste no início da tarde da última quinta-feira. Estava acompanhado do vereador Luís Paulo Hurtado, que o apoia na pré-campanha. A entrevista completa em áudio e vídeo está disponível no site do DN.