Se em 2015 o maior objetivo do sistema de saúde era promover conforto, praticidade e qualidade de atendimento com o médico em casa, desde 2020, quando o uso da telemedicina foi aprovado em caráter de emergência pelo Conselho Federal de Medicina e, recentemente, em 2022, aprovado de maneira definitiva, a telemedicina vem se mostrando ainda mais importante para a saúde global.
Mas o que esse crescimento pode significar para o Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro? Para Fabio Tiepolo, CEO da Docway, empresa pioneira em soluções de saúde digital, o destaque da telemedicina no Brasil e os estoques de informação gerados por empresas especializadas podem ser aplicados pela saúde pública para desenvolver programas de prevenção a doenças.
“A telessaúde é capaz de mesclar diferentes tecnologias em seu uso, como a análise de dados, a inteligência artificial e a realidade virtual, permitindo que instituições distintas possam conversar, sejam elas públicas ou privadas, no Brasil ou no mundo. Chamamos isso de interoperabilidade”, aponta.
“Essa universalização de dados, respeitando as regras da Lei Geral de Proteção de Dados, é capaz de indicar caminhos importantes para o sistema de saúde, inclusive na projeção de possíveis doenças decorrentes de hábitos de vida, histórico de saúde, entre outros”, diz. “Já existem esforços internacionais para o compartilhamento de dados entre países, especialmente na Europa, com o propósito de suportar os sistemas de saúde locais, fomentar pesquisas e desenvolver políticas públicas”, afirma.
Contudo, há ainda muitas incertezas sobre o que isso pode significar para o SUS, especialmente em um cenário de redução dos investimentos públicos no sistema de saúde brasileiro. “Em uma sociedade com rápidas transformações digitais, é absolutamente indispensável cobrarmos a responsabilidade de empresas e órgãos públicos que visam a formação e a convergência digital. O próximo passo é a evolução e adaptação do setor, capacitando médico e paciente para que seja prestado um atendimento de qualidade, igual ou superior ao do presencial, também na rede pública”, complementa Fabio Tiepolo.