ADÃO RIBEIRO
Da Redação
Aumentar o número de leitos disponíveis na Santa Casa é o principal desafio desse momento na área da saúde de Paranavaí e região. A afirmação é do deputado estadual Leônidas Fávero Neto. Médico e integrante do corpo clínico do hospital, o parlamentar concedeu entrevista exclusiva ao Diário do Noroeste.
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Ele concorda que há uma crise pela falta de leitos que acaba se somando à atenção primária (atendimento de urgência e emergência). Um exemplo prático é o número de pessoas que ficam internadas em Unidade de Pronto Atendimento. Por isso, avalia, é fundamental reduzir o tempo de espera por cirurgias. Para que aconteça é preciso colocar para funcionar os leitos ainda inativos na Unidade Morumbi da Santa Casa de Paranavaí. São 60 leitos ociosos de enfermaria, além de 12 de UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
O hospital justifica que precisa de mais recursos para colocar a estrutura em funcionamento. Leônidas avalia que antes é preciso a Santa Casa avançar, se adequando de acordo com as novas demandas. O parlamentar entende que a partir desse cenário se tornará mais rápida a ação do Governo do Estado através da Secretaria de Saúde para resolver o problema.

Ele dá exemplos práticos. A Santa Casa faz em média 250 cirurgias por mês. Ele sugere aumentar aos poucos até atingir uma marca ideal, que seria de mais 600 procedimentos mensais a serem alcançados ao longo do tempo (ao ritmo de pelo menos 50 a mais por mês até atingir a marca ideal). Com essa ação progressiva, diz o parlamentar, se tornaria mais fácil a injeção de novos recursos por parte do Governo do Estado. Ele abre parênteses para destacar a atuação governamental na Saúde através do secretário Beto Preto, que tem proporcionado grandes resultados.
O deputado adverte que é preciso ser rápido, pois “do jeito que está, não dá”. Sugere prazos e acha que em até três meses é possível avançar muito.
Ainda sobre a fila, o deputado lembra também que há muitos aspectos burocráticos a serem resolvidos. Ele propõe superar etapas entre o primeiro atendimento, o diagnóstico e a cirurgia, e cita como exemplo a dificuldade de pessoas que moram longe da Santa Casa e são obrigadas a vários retornos antes do procedimento. O hospital é referência para uma vasta região, o que gera dificuldades até de locomoção para uma parte dos pacientes. Em outras palavras, encurtar caminho.
Os gargalos geram custos. Um exemplo é o setor de ortopedia, possivelmente a maior fila da saúde. Ele opina que é preciso criar estrutura e fazer a cirurgia o quanto antes, especialmente em casos de traumas. Hoje a pessoa fica internada por vários dias enquanto aguarda o procedimento e isso tem custo social para o paciente (bem-estar) e financeiro para a saúde.
Na conversa detalhada sobre a saúde, o parlamentar falou ainda de honorários médicos, as condições para atrair especialistas e até avanço da Santa Casa para o credenciamento da alta complexidade (hoje é de média complexidade). Esse formato já teria sido ofertado ao hospital.
Conciliador, Leônidas afirma que o debate é sobre projetos e ações que melhorem a vida das pessoas. Lembra que tem amizade com as lideranças da saúde e das políticas públicas de saúde. Portanto, conclui, na hora da gestão das ações, cada ente faz o seu papel. Na condição de deputado, se vê como mediador para que a o trabalho resulte em bom atendimento à população.

Política – O deputado também falou sobre a política e as eleições do ano que vem, quando serão renovados os mandatos de deputados estaduais, federais, governador, dois dos três senadores e presidente da República. Resumidamente, Leônidas aposta na manutenção do grupo político que viabilizou a sua eleição, a vitória do deputado federal Tião Medeiros e do prefeito Mauricio Gehlen no ano passado. Também o ex-prefeito Carlos Henrique Rossato Gomes (Delegado Kiq) faz parte desse grupo, a exemplo de outras lideranças políticas e empresariais. “Lutamos muito para que a união acontecesse”, define.
Filiado ao Cidadania, partido recém-saído da federação com o PSDB, o deputado ainda não definiu a permanência. Haverá a janela partidária prevista para o período de 6 de março a 5 de abril de 2026, quando será permitido mudar de sigla sem perda de mandato. Ele adianta que tem uma convivência franca no Cidadania e que vai definir em outro momento. E sintetiza: “Ainda não parei para pensar nisso”.
Alcance regional – Eleito pela Região Noroeste, Leônidas Fávero informa que tem visitado grande número de municípios. Nesses contatos ele presta contas, leva verbas de emendas parlamentares e debate os problemas de cada cidade.
Mesmo tendo garantido R$ 30 milhões em emendas, o deputado entende que resumir o debate aos repasses financeiros é empobrecer a política. “Por que não perguntam sobre o meu posicionamento?”, lamenta, complementando que atualmente há uma polarização e que muitas vezes se traduz em direita e esquerda, e mistura, por exemplo, pautas de costumes com temas mais afetos ao conjunto da sociedade.
Ele entende que a política, inclusive a campanha, deva debater interesses da sociedade, questões práticas como geração de trabalho, renda e desenvolvimento econômico, dentro da nova realidade das pessoas, levando em conta o avanço tecnológico e as novas profissões.
Início do mandato – Leônidas assumiu a cadeira no meio de mandato. Detalha que se deparou com “tudo novo” e contou com a sua experiência de vereador para se estabelecer. Também houve apoio dos demais deputados, o que proporcionou rápida adaptação.
Passados cinco meses de mandato, o paranavaiense avalia que a receptividade dos demais parlamentares foi um ponto positivo na sua chegada. Por outro lado, lamenta o que considera baixa qualidade dos discursos em alguns momentos, em tom agressivo e que não vão ao encontro dos interesses da população. Justifica que prefere um tom mais propositivo.
Mesmo com as novas rotinas, Leônidas afirma que tem conseguido manter o seu trabalho como médico, especialmente no atendimento aos seus pacientes antigos. Afirma que continua a fazer cirurgias, característica que o tornou um médico muito popular.
Este texto aborda parte da entrevista com o parlamentar, feita na tarde desta quinta-feira no estúdio do DN. A íntegra da conversa com o deputado Leônidas Fávero Neto está disponível no canal do YouTube do Diário do Noroeste.