EDUARDO CUCOLO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
A IFI (Instituição Fiscal Independente) projeta uma piora no déficit primário do governo central em 2022. O resultado de 2021 deve ficar negativo em R$ 38,2 bilhões, melhor resultado desde 2014, de acordo com informações levantadas pela IFI no Portal Siga Brasil, do Senado Federal. Mas, para este ano, a instituição projeta déficit de R$ 106,2 bilhões, acima dos R$ 79,4 bilhões previstos no Orçamento aprovado pelo Congresso.
A IFI também estima que o gasto total do Auxílio Brasil para 2022 (R$ 89,1 bilhões) será praticamente igual à despesa de 2021 com Bolsa Família, Auxílio Emergencial e o próprio Auxílio Brasil no final do ano (R$ 90 bilhões).
Os números são parte do Relatório de Acompanhamento Fiscal da IFI de janeiro, divulgado nesta quarta-feira (19).
Segundo a IFI, dois fatores explicam o resultado. O primeiro é o aumento de despesas possibilitado pelas mudanças no teto de gastos. O segundo, o crescimento mais moderado da receita, em razão da perda de força da atividade econômica e de uma queda na relação de termos de troca –a relação entre os preços de exportação de um país e os preços de importação.
A aprovação da PEC dos Precatórios gerou um espaço fiscal total de R$ 112,6 bilhões no teto de gastos de 2022. Desse valor, R$ 54,6 bilhões são destinados ao Auxílio Brasil (que já tinha outros R$ 34,7 bilhões previstos), R$ 27,5 bilhões para a Previdência e R$ 16,5 bilhões em emendas do relator, entre outras despesas.
Além disso, a inflação ao final de 2021 ficou abaixo do previsto no Orçamento, elevando o teto em mais R$ 1,8 bilhão, dado também destacado no relatório da IFI. O principal risco associado a esse cenário é a criação ou a ampliação de novas despesas primárias permanentes, como o reajuste ao funcionalismo ora em discussão, diz a IFI.
A IFI destaca que quase todos os principais grupos de despesas registraram queda ao longo de 2021, considerando dados até novembro. A despesa com benefícios previdenciários do regime geral da Previdência recuou 1,1%, descontada a inflação. O gasto com pessoal caiu 5,1% em termos reais. As despesas discricionárias, o que inclui investimentos e manutenção da máquina pública, recuaram 0,5%.