REINALDO SILVA – reinaldo@diariodonoroeste.com.br
Pelo menos 15 moradores da área rural de Santa Cruz de Monte Castelo precisaram sair de casa em razão da cheia do Rio Ivaí. Em razão do grande volume de chuvas registrado em outubro, a água avançou aproximadamente três quilômetros, alagou 200 alqueires de lavouras de arroz e obrigou a retirada de 1.000 cabeças de gado das pastagens próximas.
O município do Noroeste do Paraná, distante 120 quilômetros de Paranavaí, tem pouco mais de 8.600 habitantes. A área afetada pela cheia do rio, no Distrito de Santa Esmeralda, reúne 30 famílias.
De acordo com o prefeito Fran Boni, não foi preciso montar alojamento para receber essas pessoas, pois procuraram refúgio com parentes e amigos.
A situação de Santa Cruz de Monte Castelo não é isolada. Em Querência do Norte, a pouco mais de 125 quilômetros de Paranavaí, o nível do rio continua subindo.
O coordenador da Defesa Civil, Claudiney Nery, contou que na manhã de sexta-feira (3) um animal bovino teve de ser resgatado da área alagada. Integrantes da Defesa Civil e moradores utilizaram cordas para fazer o salvamento e o retiraram com vida, sendo entregue posteriormente para o dono.
Mirador também sentiu os efeitos das chuvas excessivas. O município fica a 50 quilômetros de Paranavaí e é banhado pelos ribeirões Paixão e Paranavaí e pelo Rio Ivaí, que transbordaram e cobriram pontes, impedindo a passagem de veículos. Os moradores recorreram aos barcos para fazer a travessia.
Conforme publicado na edição de quinta-feira (2) do Diário do Noroeste, as pontes ficam nas rodovias PR-559 e PR-180, principais vias de entrada e saída de Mirador e ligam o município a Paraíso do Norte e Amaporã. Com as pistas interditadas, a alternativa para carros baixos passou a ser o trajeto de 18 quilômetros em uma estrada rural que dá acesso ao Distrito de Quatro Marcos.
Ontem o prefeito Fabiano Travain informou que o nível do rio começou a diminuir, mas os barcos ainda eram necessários.
Os principais danos identificados até agora em Mirador se concentram nas lavouras de soja e mandioca, mas por enquanto não é possível calcular o valor real do prejuízo dos produtores.
Paraná – Nesta semana o governador Carlos Massa Ratinho Júnior sancionou a lei estadual 174/2023, que dispõe sobre as transferências obrigatórias de recursos aos municípios paranaenses atingidos por desastres. Também criou o fundo Estadual para Calamidades Públicas (Fecap).
Na ocasião disse que se trata de uma “resposta rápida à recuperação das áreas atingidas por desastres, como as fortes chuvas que vêm assolando o Paraná nas últimas semanas. Precisamos ter rapidez no processo de tomada de decisão, quando se trata da segurança e a integridade dos paranaenses”.
O texto prevê que o Estado possa repassar recursos diretamente à conta de municípios que não tenham fundos similares, sem necessidade de convênios e outras providências que retardem a chegada do aporte.
Da mesma forma que na Região Noroeste, o grande volume de chuvas em outubro provocou enchentes em dezenas de municípios. Até o final do mês passado, 29 prefeitos paranaenses tinham decretado situação de emergência, sendo 15 casos classificados como estado de calamidade pública.