Por Andreia do Nascimento.
Andreia é professora, integrante da Academia de Letras e Artes de Paranavaí – ALAP
A vida nos aproximou recentemente, quando começou a frequentar a escola que a vovó dela e eu trabalhamos. Ela no alto de seus 4 anos, uma mocinha já, cabelos claros e cacheados como a menina de cachos de ouro, miniatura da vovó.
Quando eu a vi pela primeira vez era tão pequenina que nem sabia pronunciar seu próprio nome, mas sorriu quando eu quis fazer uma “selfie” de nós duas. Depois disso de longe observei crescer através dos olhos de sua vó, que me contava suas peripécias de uma menina alegre, saudável e espoleta, propícia para a sua tenra idade.
Uma garotinha que não passa despercebida, ela parece saber e, com sua alegria em viver, aproveita-se de todas as oportunidades para… ser criança! Sendo livre, mesmo em quatro paredes de uma sala de aula.
Coloca voracidade em tudo que faz, não importa se é uma simples refeição ou o recreio com os colegas, pois ela parece saber e impõe intensidade, amplitude e alegria em suas ações diárias.
A pequena com o seu apetite pela vida, ela parece saber e, demonstra ansiedade por aprender e realizar tudo ao mesmo tempo. Ela parecia saber e pensava: “Devo estar na sala de aula com minha professora, mas também assim que aparecer uma ocasião, vou dar uma olhadinha na sala de aula da vovó.”
Ela parecia saber, por isso faz coisas de adolescente: mata aula (para ver a vovó), ama maquiagem e esmalte, sem se esquecer do seu próprio estilo, claro.
Ela ama as formas de vida que Deus criou, pode ser doméstico como os cachorros ou pode ser os bichinhos da fazenda, não importa, ela não tem medo, ela não tem nojinho, ela os ama, ela se importa, ela parece saber.
Ela, que fez jus ao seu nome, vive com abundância, vive com alegria, vive com toda força e vontade de um “carpe diem”. Ela parecia saber que o tempo dela aqui conosco seria curto, por isso deveria viver, não viver com timidez ou esperando para viver depois, porque, repito, ela deveria saber que, não teria tanto tempo.
A menina que se tornou professora como a vovó dela, ela que só sabia escrever o próprio nome, ensinou-nos o que é viver de verdade de forma intencional e grandiosamente, assim como é a vida.
Agradeço a Deus pelo privilégio que tivemos de contemplar a tua existência, Elisa.
Homenagem póstuma à menina Elisa Hanely Niehues.
☆ 07.12.2019 – ✟ 11.07.2024