REINALDO SILVA
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Quem estava na fila desde as 7h não gostou da notícia. Na terça-feira (23), as agências bancárias de Paranavaí iniciaram os atendimentos ao público às 11h, ou seja, uma hora depois do usual. Foi o resultado de uma mobilização nacional dos trabalhadores, que negociam os termos do acordo coletivo com os patrões.
Os bancários pedem reajuste salarial equivalente à inflação a ser medida em agosto deste ano, estimada em 9,5%, mais 5% de aumento real. A oferta apresentada pelos patrões é de valor correspondente a 65% da inflação.
Os salários dependem do cargo, sendo o inicial de caixa R$ 3.110,40, com quebra de caixa ou gratificação de R$ 548,51.
Também estão sendo definidos: jornada laboral, ajuda de custo para teletrabalho, regras para casos de assédio moral e sexual, vale-refeição e vale-alimentação – atualmente, o VR é de R$ 35,18 por dia e o VA, R$ 609,88 por mês.
O presidente do Sindicato dos Bancários de Paranavaí e Região, Wendrel Minare Vieira, disse que a paralisação de ontem foi “um recado para a mesa de negociações”. Ele questionou a discrepância entre os lucros obtidos pelos bancos e a remuneração dos funcionários, responsáveis pela manutenção dos serviços prestados aos clientes.
Explicou que o atraso de uma hora nos atendimentos foi uma maneira de externar a angústia dos trabalhadores, “cada dia mais sufocados pela pressão por cumprimento de metas”. Segundo Vieira, 70% dos bancários têm algum tipo de distúrbio psicológico ou emocional provocado pelo estresse da rotina de trabalho.
A cobrança cresce à medida que o quadro de funcionários diminui. Para comparar, o presidente informou que há quatros anos as agências dos 32 municípios da região atendidos pela entidade sindical tinham 720 profissionais; agora, são 390.
Apesar da luta da categoria por melhores condições de trabalho, quem chegou cedo para receber atendimento em agências bancárias de Paranavaí não gostou do atraso de uma hora. Algumas pessoas conversaram rapidamente com a equipe do Diário do Noroeste e reclamaram do anúncio feito de surpresa.
Moradores de outras cidades da região calculavam as vantagens de esperar uma hora a mais e só conseguir voltar para casa no fim do dia ou aproveitar o transporte coletivo ainda pela manhã e retornar a Paranavaí em busca de atendimento outro dia.