REINALDO SILVA
reinaldo@diariodonoroeste.com.br
O senador Sergio Moro (União) esteve em Paranavaí na tarde de ontem (23) para uma conversa com empresários. Fez duras críticas às políticas econômicas adotadas pelo Governo Federal e reforçou seu posicionamento como agente de oposição ao presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no Congresso Nacional.
“As perspectivas não são muito positivas. O arcabouço fiscal é frouxo e não impede o crescimento da dívida pública”, disse. Mesmo não concordando com as mudanças nas regras que redefinem o teto de gastos, Moro votou a favor do projeto. “É melhor ter algum controle fiscal que nenhum”, justificou.
Ciente de que a reforma tributária é assunto caro para a classe empresarial, o senador afirmou que já está sendo elaborada, mas o teor ainda não é conhecido. Ele teme que haja aumento na tributação, o que comprometeria os setores produtivos e afetaria diretamente a geração de emprego e renda. “Sou a favor da simplificação tributária. Hoje o excesso de burocracia eleva os gastos dos empresários.”
Ainda tratando do tema, defendeu o fim da tributação sobre a folha de pagamento. Reduz os salários e tira o poder de compra dos trabalhadores, argumentou Moro, classificando a prática de voracidade do estado.
Política – No campo político, respondeu a uma pergunta sobre a indicação de Cristiano Zanin ao Supremo Tribunal Federal (STF), prerrogativa do presidente da República.
Advogado pessoal de Lula, Zanin contestou a postura de Sergio Moro quando era juiz de primeira instância e liderou os trabalhos da Operação Lava Jato, que levou à prisão de empresários, empreiteiros e políticos, inclusive o atual presidente.
O senador explicou aos empresários de Paranavaí que votou contra a nomeação de Zanin para ministro da Suprema Corte. Durante a sabatina no Senado, “cumpri meu papel constitucional, fiz perguntas técnicas e respeitosas e ele respondeu no mesmo tom”. É assim que deve ser em uma democracia, acrescentou. “Espero que seja um bom ministro.”
Relações internacionais – Moro demonstrou preocupação com as relações internacionais do presidente Lula, citando a Venezuela e a Nicarágua, e discordou veementemente do discurso de que a Ucrânia também é responsável pela guerra com a Rússia que se estende há mais de um ano.
Da mesma forma, disse não entender por que o petista tem tanto prestígio no cenário internacional. “O presidente é antiliberal e ‘antiocidente’ e flerta com governos autoritários.”
Esperança – Apesar de considerar a situação desfavorável para o crescimento do país, Moro revelou ter esperança. “O Brasil é um país de economia forte. Mesmo com as dificuldades, persevera e prospera.”
A aposta do senador para vencer as incertezas é a classe empresarial. “Temos que valorizar o empresário e o empreendedorismo. O Brasil só vai dar certo com investimentos privados.” O estado, disse, tem papel importante como incentivador de novos negócios. “Os países que cresceram criaram condições para as empresas.”
Declarações – A conversa de Sergio Moro com os empresários foi acompanhada de perto pelo presidente da Associação Comercial e Empresarial de Paranavaí (Aciap), Rafael Cargnin. Ele apresentou as preocupações com o aumento da dívida pública e defendeu o enxugamento das instâncias governamentais.
O prefeito de Paranavaí, Carlos Henrique Rossato Gomes (Delegado KIQ), disse que Sergio Moro é “companheiro do Brasil e representa o que esperamos da política”, uma menção à postura do senador como combatente da corrupção. “Está lutando bravamente”, concluiu KIQ.
O deputado estadual Luiz Fernando Guerra exaltou o papel dos empresários na construção do desenvolvimento do Brasil. A união de forças entre economia e política é a ponto para o progresso, declarou.
Esposa de Sergio Moro e deputada federal por São Paulo, Rosângela Moro reiterou o posicionamento pela redução do estado e dos sindicatos e disse que é preciso valorizar o empreendedorismo.