Pelo quarto ano seguido, a construção civil teve saldo positivo de contratações no Paraná. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, apontam que entre janeiro e março de 2023 as empreiteiras paranaenses tiveram 5.697 admissões a mais do que demissões. O número deste ano apresentou alta de 28,45% em relação ao primeiro trimestre de 2022, quando o saldo ficou em 4.435 contratações.
Na opinião do engenheiro civil Luan Cristian Kleber, da Construtora Andrade Ribeiro, o setor da construção civil se mostra resiliente, mesmo com as adversidades do mercado de trabalho nos últimos anos. “Nós passamos neste período por um momento pandêmico e por mudanças políticas e, mesmo assim, observamos esse saldo positivo”, pondera. O especialista acredita que “estamos com alta procura por novas habitações e, por consequência, empresários do setor estão mantendo um certo investimento”.
De aprendizagem para a carteira assinada
Dentro da construtora, um exemplo de contratação na área é o auxiliar de almoxarife Vinício Paulino Martiori, de 20 anos. Ele já atuava na construção civil, como aprendiz, desde 2021, mas foi efetivado no mês de maio deste ano e agora conta com um emprego com carteira assinada. Ele começou a trabalhar no setor após fazer um curso de assistente administrativo no Senai. “Meu objetivo é crescer profissionalmente na área e quero fazer faculdade de Logística. A área em que trabalho me despertou muita curiosidade e interesse em continuar. Senti que se encaixa com o meu perfil profissional”, afirma o jovem.
Entre as atividades que ele executa estão o recebimento de produtos, administração e movimentação das mercadorias até o estoque. Além disso, também recebe e confere notas fiscais de entrada de materiais adquiridos pela construtora e faz o encaminhamento desses documentos para outros setores.
Nos últimos seis meses, o trabalho do auxiliar tem se dividido entre a sede da construtora, localizada em Curitiba, e uma obra do programa Minha Casa, Minha Vida que está em andamento na cidade de Araucária, na Região Metropolitana. “Nesse contato com a obra, pude ter uma visão mais ampla de cada processo que é feito até chegar ao resultado final”, comenta.
Entre os desafios que mais chamam a atenção de Martiori e fazem com que ele se dedique mais ao trabalho está a variedade na nomenclatura de materiais que chegam durante a rotina de atividades no almoxarifado. “Eu já aprendi muito desde que comecei a trabalhar na área e gosto dos desafios que tenho encontrado”, afirma.
Projeções para o setor – Para o decorrer do ano de 2023, o engenheiro da Andrade Ribeiro acredita que o setor de construção civil continue com saldo positivo nas contratações. “O ciclo imobiliário é lento, pois muitos empreendimentos imobiliários têm durações maiores do que um ano, o que me faz acreditar que pelo menos para o ano de 2023 permanecerá em crescimento. Contudo, para os próximos anos uma análise mais aprofundada sobre o tema deve ser feita, considerando as ações desta nova política e o cenário econômico”.
Kleber comenta ainda que, como o setor está aquecido, todas as áreas de trabalho que envolvem uma obra tendem a apresentar boas oportunidades de trabalho. Ele acredita que, com a nova política que tem se desenhado nacionalmente, há indícios que o setor responsável pelas obras de programas como o Minha Casa, Minha Vida recebam mais apoio governamental. “Isso pode gerar, por exemplo, subsídios para as obras deste nicho do mercado, e fazer com que haja mais procura por este tipo de empreendimento”, comenta o engenheiro.