Produtores de urucum de Paranacity e de Cruzeiro do Sul, no noroeste do Paraná, se reuniram no Sindicato Rural de Paranacity, nesta quarta-feira (31), para o 3º Encontro Regional do Urucum. Os participantes representam famílias que plantam cerca de 900 hectares do fruto nos municípios e integram o grupo que busca reconhecimento com o selo de Indicação Geográfica (IG) para o produto.
Com palestras técnicas e sobre o mercado potencial, além de apresentação de implementos agrícolas, de oportunidades de crédito e de momento para troca de informações, o evento se consolida como atividade anual na agenda dos agricultores familiares, ao chegar à terceira edição com o salão lotado.
“Com o evento, marcamos as cidades pela cultura do urucum de qualidade, tendo em vista a busca pela IG. E aproveitamos para promover temas de interesse, para que os produtores tenham subsídios para melhorar a qualidade dos produtos e entender as possibilidades de mercado e novas tecnologias”, comentou o consultor do Sebrae/PR, Luiz Carlos da Silva.
Na palestra do engenheiro químico Eduardo Aledo, diretor global de pesquisa e desenvolvimento de produtos cosméticos e de higiene da Johnson & Johnson por 36 anos, os participantes conheceram o promissor mercado de nutracêuticos e cosméticos. Hoje Eduardo é gerente geral da startup Rubian Extratos.
“Os extratos da semente de urucum beneficiam a saúde. Nas pesquisas, notamos impactos positivos do consumo do extrato na redução de gordura do fígado, aumento da tolerância à glicose e melhora da resposta à insulina. Somado a hábitos saudáveis, o consumo do extrato pode contribuir para a qualidade de vida”, disse Eduardo.
Conforme apresentado pelo engenheiro agrônomo, consultor da Biocon Colors Peru, da Gopa Worldwide Consultants Alemanha e diretor da Biotropical Consultoria, Vistor Paulo de Oliveira, atualmente, 60% do urucum produzido no Brasil são destinados para corante natural alimentício; quase 40% para coloríficos culinários; e menos de 1% para o mercado medicinal, de cosméticos e outros.
“Temos diversos mercados para serem explorados, mas para continuarmos competitivos no mercado global, inclusive com preços que ‘briguem’ com os dos produtos do Peru e de países da África, precisamos de um teor de bixina [corante vermelho do urucum] acima de 4%”, observou o especialista.
Em Paranacity e em Cruzeiro do Sul as famílias têm registrado teores de bixina que vão de 3% até acima de 5%.
“Esse teor depende da variedade plantada. Temos bastante a variedade Piave, que eleva essa qualidade. Além disso, desde que se iniciou o movimento para buscarmos a IG, padronizamos boas práticas de cultivo e de manejo, o nosso ‘saber fazer’. Estamos na expectativa de conquistar a IG para nos tornarmos ainda mais competitivos”, explicou o presidente da Associação dos Produtores de Urucum de Paranacity (Aprucity), Jair May.
O público também acompanhou atento à fala do pesquisador e engenheiro agrônomo Humberto Godoy Androcioli, entolomologista do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná). Ele abordou o tema “Manejo de pragas no urucum” e deu dicas práticas para os produtores.
“Não existe um inseticida aprovado para uso no urucum, então precisamos buscar soluções naturais. Entre elas estão barreiras para proteger a lavoura de percevejos e outras pragas, como as feitas com capim-elefante, e cordões vegetados de flores”, aconselhou Humberto.
Para Kleber Corniani da Silva, o evento tem sido fundamental, isso porque planta urucum há menos de dois anos. São nove alqueires dedicados ao plantio da variedade Piave-anão, que também se caracteriza pelo alto teor de bixina.
“Em janeiro de 2025 deveremos ter a primeira florada. Ano passado participei do evento e neste ano vim de novo, porque aqui aprendemos muito. Aprendi que o espaçamento precisava ser maior, para que a máquina pudesse passar entre as ‘ruas’ de urucum colhendo as cachopas do fruto tiradas à mão”, contou Kleber.
O evento ainda teve assinatura de Termo de Cooperação com a Universidade Estadual de Maringá (UEM), que se comprometeu a desenvolver pesquisas para contribuir com os produtores, além de uma palestra motivacional sobre felicidade no trabalho, com o palestrante Lucas Penteado.
A realização do encontro é da Aprucity, Sebrae/PR, Prefeitura de Paranacity, Prefeitura de Cruzeiro do Sul, com Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e apoio do IDR-Paraná, Sicredi Dexis, Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Estado do Paraná, Força da Terra, JP Comércio de Urucum, UEM e Sindicato Rural de Paranacity.
Alto teor de bixina (corante vermelho) é uma das qualidades do urucum de Paranacity e Cruzeiro do Sul. Foto: Adriano Oltramari.
IG
O registro de IG é conferido pelo no Instituto Nacional da Propriedade Intelectual (INPI). O pedido foi pelo reconhecimento com Indicação de Procedência (IP), que distingue o município por ser origem geográfica conhecida como centro de produção, fabricação ou extração de determinado produto.
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