O Brasil tem assistido a um crescimento expressivo do número de pessoas com mais de 60 anos no Ensino Superior. Segundo dados da última edição do Mapa do Ensino Superior, lançada em 2021, existem quase 198 mil idosos matriculados em cursos superiores, o equivalente a 2,3% dos 37,7 milhões de idosos registrados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.
Para se ter ideia do crescimento de alunos nessa faixa etária, houve aumento de 50% das matrículas entre 2015 e 2019 (eram 27 mil alunos à época), segundo dados do Censo da Educação Superior. Na outra ponta, o ingresso no ensino superior de alunos com 59 anos ou menos cresceu apenas 7% no mesmo período. Entre 2013 e 2017, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) também já havia registrado avanço de 46% no número de ingressos da terceira idade à universidade.
O principal fator que colabora para o crescimento do número de idosos no ensino superior é o fato de que a população brasileira está envelhecendo — com mais qualidade de vida e novas perspectivas. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a terceira idade, que representava apenas 7,3% (14 milhões) da população brasileira em 2020, vai saltar para 40% (cerca de 60 milhões) até o ano 2100.
Apesar de não haver dados concretos que analisem o fenômeno considerando o cenário pós-pandemia, a tendência é que esse número cresça ainda mais, puxado principalmente pelas matrículas em cursos EAD. Segundo dados do Ministério da Educação, houve um aumento de 40% de idosos matriculados no curso de ensino a distância em 2018.
“O Ensino a Distância é uma excelente oportunidade para qualquer pessoa, sobretudo para quem deseja estudar em casa, na companhia da família, companheiros ou cuidadores. Também auxilia estudantes impossibilitados de assistirem às aulas presenciais por questão de saúde ou em recuperação cirúrgica etc.”, opina o professor dos cursos de Administração e Serviço Social da Faculdade Unopar, Silvio Toshio Saruwatari.
Com a pandemia da Covid-19 chegando a um controle maior, abre-se também a possibilidade de os idosos frequentarem as salas de aula no modelo presencial, o que colabora para a sua qualidade de vida e socialização.
“Uma sala de aula com estudantes de idades diversas proporciona aumento do conhecimento, tanto para os mais experientes quanto para os mais novos. A troca de experiências se torna muito mais rica e complementar, não só pelo aprendizado acadêmico, mas também para os aspectos sociais e interpessoais dos estudantes”, comenta.
Muitos alunos da terceira idade procuram um curso superior para se sentirem produtivos, para ter uma segunda graduação, e há também aqueles que, passada a criação dos filhos, querem retomar um sonho antigo.
Segundo estudo “Estilo de vida, consumo e expectativas para o futuro”, realizado pela CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), 12,2% dos idosos entrevistados disseram que fazer cursos está entre os seus planos para o futuro.
O maior acesso ao Ensino Superior a idosos também colabora para a qualificação profissional dessa população, que vai viver mais e melhor e pode contribuir com a Economia por mais tempo do que as gerações passadas.
O Estatuto do Idoso (Lei Nº 10.741), promulgado em 2023 e destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em seu artigo 21, trata exclusivamente do direito à educação a essa população: “o Poder Público criará oportunidades de acesso do idoso à educação, adequando currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais a ele destinados”.