*Carlos Henrique Mencaci
Adotar essas práticas ajudam na transformação da sociedade
Assuntos como diversidade, equidade e inclusão são relevantes e refletem diretamente na sociedade ao proporcionar oportunidades a classes desfavorecidas historicamente, mas também fortalecem muito a própria organização empregadora. Afinal, ao criar um ambiente com vivências e pontos de vista variados, mais e melhores ideias são debatidas e nascem alternativas inovadoras de marketing, sistemas, comunicação, produtos, etc.
São muitas situações práticas a serem apontadas, por exemplo, a indústria de cosméticos nunca teve produtos dirigidos às necessidades da comunidade preta. Simplesmente porque tinha uma equipe totalmente dirigida por brancos e, por esse motivo, essas iniciativas nem passavam pela cabeça dos criadores. Um time com várias origens pode levar a soluções e aumento de vendas.
A diversidade busca a inserção de todos, leva às pessoas da empresa a pensarem na sociedade como ela é. Força cada um a sair de seus guetos, bolhas, tribos e olhar como os outros vivem, os valores, relacionamentos e demais atitudes. Ou seja, é uma ação estratégica para fortalecer a sensibilidade e criatividade de seus colaboradores!
Sendo assim, o indicado aos gestores é a busca por equipes de alta pluralidade racial, de gênero, religiosa, inclusão da comunidade LGBTQIAP+, pessoas com deficiência (PcDs) e, se possível, de diferentes regiões e até países. Boa parte disso pode começar na contratação de estagiários. Dessa forma, esses indivíduos têm a chance de ingressar no mundo corporativo, ganhar experiência e mostrar seu valor.
A diversidade no mundo corporativo – Infelizmente, a realidade em nosso país é longe do ideal. É preciso mudar a forma de pensar. Temos milhões de pessoas diferentes por aqui e cada uma com seu jeito, crenças, propósitos, princípios, orientações sexuais, religiões, interesses econômicos, níveis sociais e trajetórias. Por isso, é essencial para uma organização promover essa mistura para alcançar o sucesso.
Quando um jovem formado em escola pública e família de baixa renda, chega a um alto cargo ou uma posição de destaque na sua profissão, influencia outros milhões na mesma situação. Essa esperança é muito valiosa e, portanto, não basta apenas falar do assunto, é preciso aplicá-la no cotidiano.
Nesse sentido, o estágio é uma peça essencial para o desenvolvimento da nação. Afinal, só está apto para a modalidade quem estiver matriculado em uma instituição de ensino superior, profissional, médio e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos – EJA.
Além de manter o pessoal nas salas de aula, o programa também ajuda financeiramente. Isso porque a corporação deve ofertar uma bolsa-auxílio. Dessa maneira, o integrante pode utilizar esse valor para pagar os estudos, complementar a renda familiar, sustentar o lar, aplicar em projetos pessoais, investir em novas competências, entre outros. De qualquer forma, estará ajudando a economia a girar.
Conforme esse tema é debatido, a população se torna mais sensível e observadora, principalmente quem atua no ambiente corporativo, pois o mesmo carece de informação a respeito dessa discussão. Ao dar essa chance de estagiar para indivíduos pertencentes a minorias sociais, cria-se um “efeito dominó” e cada vez mais essa parcela da população estará inserida nas companhias. Consequentemente, a probabilidade de alcançarem cargos mais altos no futuro fica maior.
Forme novas líderes para o futuro – Contar com mulheres na liderança significa ter mais igualdade e, com isso, novas maneiras de pensar. De acordo com uma pesquisa da KPMG, elas estão assumindo a gestão em setores nunca vistos, como: tecnologia, construção, mineração e automotiva. Afinal, possuem habilidades específicas e indispensáveis para quem almeja o sucesso.
Atualmente, elas ocupam 38% das posições de diretoria no Brasil. O índice ainda é baixo, mas está em crescimento. Em 2019, esse número representava 25%. Além de incentivar a contratação das moças, também indico palestras com executivas bem sucedidas, ações sobre discriminação e formar um time respeitoso para criar o ambiente propício.
Não há idade máxima para estagiar – Com um mercado cada vez mais concorrido, profissionais com idades mais avançadas buscam por novas carreiras e muitos decidem começar do zero uma nova história. No entanto, ao tentarem ingressar em um estágio, passam dificuldades. Bastante gente me pergunta sobre a faixa etária limite para a modalidade, entretanto, isso não existe. Se você é um estudante regularmente matriculado e tem 20, 40, 50 ou até 70 anos, está apto.
Os recrutadores devem ter alguns cuidados, como a utilização de linguagem adequada e divulgação correta da vaga. Contar com uma plataforma de fácil uso, treinamentos assertivos e um grupo diverso também trazem efeitos positivos. Setores como a tecnologia, por exemplo, carecem de mão de obra qualificada e tem um grande número de sujeitos migrando para a área. Essas pessoas precisarão de uma oportunidade para vivenciar na prática a teoria da sala de aula.
São várias vantagens adquiridas quando se tem um membro mais experiente no quadro. Ele terá valores sólidos e anos enfrentando adversidades empresariais, solucionando problemas e também fracassando. Tudo isso tem relevância e fará a diferença na hora de tomar uma decisão delicada ou elaborar uma nova estratégia.
Os benefícios para as empresas – Para fomentar essas contratações, a Lei 11.788/08 promove alguns benefícios destinados a quem adere ao programa. Por não se tratar de um vínculo empregatício, existe a isenção de impostos e direitos trabalhistas, tais como FGTS, INSS, 1/3 sobre férias, multa rescisória de 40% e 13º salário.
Além disso, existem pontos positivos mais subjetivos e difíceis de mensurar. A corporação terá ideias atuais e inovadoras desse grupo mais engajado e por dentro das novas tendências. Esses proveitos podem ser visualizados no cotidiano e proporcionam segurança para uma efetivação futura, pois esse colaborador já estará há algum tempo envolvido na engrenagem, treinado e sendo acompanhado por um supervisor.
Assim, será possível conhecê-lo melhor junto ao seu trabalho, pontualidade, dedicação e outras qualidades. Com a popularização do home office, as lideranças podem captar talentos de qualquer localidade do país. Dessa forma, abre-se um leque de opções para identificar quem seria o candidato ideal para seu time. Assim, um morador de uma cidade pequena do interior, consegue atuar em grandes metrópoles.
Outra especificidade é na admissão e rescisão do acordo. Ele pode ser encerrado a todo momento, sem aviso prévio, por qualquer uma das partes e, como dito, sem o pagamento de taxas. Caso tenha essa necessidade, a reposição pode ser feita com rapidez e qualidade. Segundo o último censo Inep/MEC, existem mais de 17,2 milhões de pessoas aptas a essa condição, mas apenas 900 mil, pouco mais de 5%, têm essa oportunidade.
Apesar da legislação só permitir a permanência por até dois anos na mesma companhia, dependendo do empenho e dedicação durante o processo, é possível continuar com essa pessoa, registrando por meio da Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT. Dessa forma, é uma maneira de lapidar um futuro integrante do seu quadro de funcionários de acordo com a cultura organizacional, os costumes e as regras ali estabelecidas.
Por isso, mantenha o olho aberto para essa prática e monte uma equipe com estagiários diversos! Dessa forma, você estará ajudando a educação e a economia do nosso país, além de auxiliar na tarefa de vivermos em um mundo melhor. A Abres está disposta a apoiar as organizações, adolescentes e o país para garantir um futuro brilhante à nossa juventude! Conte conosco!
*Carlos Henrique Mencaci é presidente da Abres – Associação Brasileira de Estágios