Com 1.200 encaminhamentos mensais, unidade enfrenta superlotação e sobrecarga de atendimento
Cibele Chacon
Da Redação
A Santa Casa de Paranavaí enfrenta superlotação no Pronto-Socorro (PS), conforme registrado em um vídeo enviado à nossa redação na última quinta-feira (23). As imagens mostram pacientes em macas pelos corredores e adultos sendo acomodados em leitos infantis, resultado do volume crescente de atendimentos na unidade.
Segundo Héracles Arrais, diretor-geral administrativo da Santa Casa, o cenário é influenciado pela alta demanda regional e pela sazonalidade dos casos. “É sazonal, só que a gente está passando uma fase que está ficando muita, muita gente. Nós somos o único ponto de atendimento do SAMU e do SIAT da nossa região para urgência e emergência. Então cai tudo aqui e sobrecarrega”, explicou.
PRONTO-SOCORRO ALÉM DA CAPACIDADE – De acordo com o médico Leandro de Oliveira, que atua no Pronto-Socorro, o hospital está com 125% de ocupação. “Acredito que à noite, com o volume de encaminhamentos da região, vai amanhecer da mesma forma ou pior. Somos em dois médicos das 7h às 23h porque é o horário de maior fluxo”, afirmou.
O médico também esclareceu que os pacientes vistos no vídeo já haviam sido atendidos. “O que você viu no vídeo são pacientes já internados. Todos já estavam atendidos, muitos já com as cirurgias realizadas. Mas, como não temos mais leitos nas enfermarias, eles ficam ‘mal acomodados’ no PS”, explicou Oliveira.
Ele apontou que o PS é o setor mais sensível do hospital e que sua sobrecarga reflete a falta de leitos disponíveis: “O Pronto-Socorro é o gargalo e o termômetro do hospital. Só vamos ter pacientes internados no corredor do PS quando as possibilidades de acomodação nas enfermarias estão completamente lotadas.”
Oliveira também mencionou os desafios enfrentados pelos pacientes e acompanhantes nessa situação: “O problema é que o PS lotado vira um setor de internação, sem a estrutura adequada de hotelaria. São macas para atendimentos rápidos, no máximo 24 horas. Ficar internado dias em uma maca dessas gera desconforto e descontentamento do próprio paciente e dos familiares. Os acompanhantes não têm onde ficar com o mínimo de comodidade.”
ALTA DEMANDA REGIONAL – Segundo o médico, a Santa Casa de Paranavaí é referência para 28 municípios, recebendo aproximadamente 1.200 encaminhamentos mensais. Essa intensa demanda reflete na lotação do hospital, especialmente no PS. “Faltam leitos de internamento. Os hospitais das cidades menores são cada vez menos resolutivos”, disse.
Ele também destacou o funcionamento da Unidade Morumbi como um fator que poderia minimizar a pressão sobre o hospital. “A unidade Morumbi precisa ser aberta com 100% da capacidade. Hoje ela fica com apenas 30% da capacidade, somente com as cirurgias eletivas e aberta somente de segunda a sexta-feira.”